O robô explorador Curiosity, da NASA, encontrou evidências de um antigo leito de rio em Marte. Ele já secou, mas esta é a primeira evidência a provar que água corria pela superfície do planeta vermelho. Ou seja, há mais chances de encontrar vida em Marte – ou resquícios dela.
A imagem acima mostra um afloramento rochoso, que uma equipe de cientistas da NASA chamou de “Hottah”, em homenagem ao Lago Hottah no Canadá. Não parece grande coisa, mas o que você vê é um leito rochoso, do tipo que se encontra no fundo de um rio.
O leito em si é composto de pequenos fragmentos de rocha que se agruparam – os geólogos chamam isto de conglomerado sedimentar. No passado, ele seria plano, mas cientistas acreditam que ele foi perturbado por algo, talvez por meteoritos, o que lhe deu uma inclinação. O local fica entre a borda norte da Cratera Gale e a base do Monte Sharp.
Mas na verdade, a principal evidência sugerindo que este é um leito de rio é… cascalho. Os cientistas da NASA estudam imagens das pedras cimentadas na rocha, e o tamanho e formato delas apontam para o fato de que este costumava ser um fluxo rápido de alguma coisa.
Mas o quê? Bem, os pedaços de cascalho são particularmente redondos, sugerindo que eles foram transportados por água, e por longas distâncias. E como eles têm dimensões de alguns centímetros, eles são grandes demais para terem sido levados pelo vento. William Dietrich, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, explica:
“A partir do tamanho do cascalho que ela levava, podemos interpretar que a água se movia a cerca de 1m/s, com uma profundidade entre a altura do tornozelo e do quadril… Esta é a primeira vez que realmente vemos cascalho transportado pela água em Marte. É uma transição da especulação sobre o tamanho do material no leito para a observação direta dele.”
É surpreendente: um rio com até 1m de profundidade, fluindo água em Marte. O próximo passo para o Curiosity é saber quais elementos compõem o leito, a fim de tentar entender melhor como era o ambiente no rio. É claro que, onde há água, pode haver vida. John Grotzinger, cientista do Mars Science Laboratory, explica:
“Uma fluxo longo de água pode ser um ambiente habitável. Não é nossa escolha preferida para um ambiente que preserve componentes orgânicos, no entanto. Nós ainda vamos para o Monte Sharp, mas esta é uma garantia de que nós já encontramos nosso primeiro ambiente potencialmente habitável.”
Ainda há muito trabalho para o Curiosity, mas esta nova descoberta confirma que córregos e rios já fluíram em Marte. As implicações que isso tem para a existência de vida em Marte, mesmo que no passado, são enormes. [NASA]
Crédito da imagem: NASA / JPL-Caltech / MSSS