De risadas a sons de buzina: escute os ruídos de um recife de corais na Indonésia

Os sons emitidos pelos peixes indicam que este recife de corais, que passou por um processo de restauração, está agora saudável e funcional. Ouça
Recife de corais
Imagem: Tim Lamont/University of Exeter/Divulgação

A vida debaixo d’água pode ser bem mais barulhenta do que você imagina. E pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, têm a prova disso. O grupo gravou os sons de seres vivos que habitam a região do arquipélago Spermonde, na Indonésia. Ouça:

Este é um recife de corais em seu terceiro ano de recuperação. A área havia sido inteiramente destruída pela pesca explosiva — que que pescadores jogam bombas no local para atordoar ou matar todos os animais da região. O Mars Coral Reef Restoration Project, liderado pelos pesquisadores britânicos, está agora à frente da restauração da área. 

Os pesquisadores compararam os ruídos do recife de corais indonésio a sons registrados em áreas degradadas e outras que nunca foram danificadas. Dessa forma, puderam concluir que os sons vibrantes emitidos pelos peixes indicavam que o espaço está se tornando saudável e funcional novamente. O estudo completo foi publicado na revista científica Journal of Applied Ecology.

Os ruídos parecem vir da bexiga natatória dos peixes, de suas gargantas e também do ranger de seus dentes. É possível ouvir desde grunhidos até gargalhadas, sendo que muitos dos sons nunca haviam sido registrados para a região e os responsáveis por eles seguem misteriosos. 

Os cientistas tentaram reproduzir o barulho similar ao de buzina de neblina em alto-falantes subaquáticos na intenção de “chamar” o causador dos sons — mas o peixe não saiu das sombras. A suspeita, com base em gravações feitas no mar do Caribe, é que o responsável seja um tipo de peixe-sapo.

Apesar deste recife de corais ter sido trazido de volta à vida, os cientistas explicam que a restauração nem sempre será possível. As mudanças climáticas e a poluição podem tornar o ambiente impossível de ser recuperado. Isso não representa uma perda apenas para a biodiversidade, mas também para milhões de pessoas que usam os recifes como meio de subsistência. 

De toda forma, a equipe não pretende parar por aqui. Os pesquisadores têm planos de desenvolver dispositivos de escuta mais acessíveis e programas de análise automatizados para facilitar o monitoramento destes ecossistemas.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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