por Bruno Izidro
Frank West é um fotojornalista renomado. Ele já cobriu guerras, presenciou uma invasão zumbi no primeiro Dead Rising e foi autor de livro best seller sobre o incidente. Mas agora a crise de meia idade fez ele não resistir à moda das selfies. Ainda bem, porque graças aos registros narcisistas, um novo recurso em Dead Rising 4, podemos mostrar em imagens o que de melhor e pior há no novo jogo de mundo aberto com zumbis da Capcom.
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Vamos prestar a atenção na selfie no início do post. Ela resume bem o espírito de zoeira da nova aventura com Frank West fazendo cosplay de Akuma, do Street Fighter, ao mesmo tempo em que o zumbi com metade do corpo preso à parede é um exemplo dos vários bugs que podem incomodar.
Bem-vinda a Willamette (de novo)
Ter Frank West como protagonista e a cidade de Willamette mais uma vez como cenário faz o novo game ter um clima de revival do primeiro Dead Rising. Mas não se deixe enganar pela cara meio desapontada de West, porque, para ele, voltar significa se sentir na reunião da turma de 2006 da escola, em que a classe é cheia de zumbis. Já para gente, isso quer dizer o retorno do clima mais nonsense e descompromissado que foi se perdendo nos últimos jogos.
Drama para salvar a filha de virar zumbi? Ir atrás de uma cura e escapar da cidade antes que ela seja destruída pelo governo? Não, não tem nada disso. Dead Rising 4 até possui uma narrativa para guiar o jogador em objetivos, mas nada que deva ser levado muito em conta, porque aqui o que importa é sermos um cara cinquentão cheio de piadas infames que, quando não está matando zumbis, tem que enfrentar uns lunáticos pela cidade, como um Papai Noel que não está muito interessado em saber qual é o seu pedido de natal.
O tom mais leve e engraçado também se une a jogabilidade arcade para criar essa grande zumbilândia que é Dead Rising 4, onde a principal diversão é usar e abusar de armas e até veículos para destroçar zumbis das formas mais esdrúxulas e catárticas possíveis.
É verdade que muito disso já estava presente antes, mas de alguma forma ela é melhor trabalhada agora. Prova disso é a novidade da exoarmadura, que transforma o jogador em uma máquina de guerra ambulante, mas por um tempo de uso limitado. Já a mecânica de combinar objetos e carros ficou bem mais prático e rápido. Tudo para não te fazer perder tempo em se divertir.
Fan services
O melhor em Dead Rising 4 é que ele sempre consegue surpreender com maneiras criativas e bem sacadas de sair por aí destroçando zumbis. Um exemplo é que um dos meus passatempos preferidos era unir máscaras do Blanka com algum equipamento eletrônico. Essa combinação resulta em uma arma que pode dar choques elétricos igualzinhos ao golpe no Street Fighter II.
Aliás, isso entra no aspecto que mais gostei no jogo, porque se nos Dead Rising anteriores só era possível, no máximo, ter uma armadura escondida de Mega Man para usar, o quarto game agora está abarrotado de referências e fan services a outros jogos da Capcom.
Ao explorar o shopping e lojas pela cidade, é possível se deparar com pôsteres de Resident Evil 5, Breath of Fire 4 e Ace Attorney, ou fliperamas de Rivals Schools e Street Fighter II (infelizmente, não é possível jogá-los). Só que o melhor mesmo é achar as roupas da Morrigam, do Darkstalker, ou a armadura do Zero e do Captain Commando para poder usar.
Como as referências são muitas, na galeria abaixo separamos algumas delas. Com selfies, é claro.
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Isso é um zumbi no meu bug?
Tá tudo muito divertido, matar zumbis é legal e Frank West é o melhor protagonista. Só que Dead Rising 4 sofre com alguns graves problemas técnicos. Bugs são bem comuns em jogos de mundo aberto, ainda mais quando é preciso processar centenas de zumbis no cenário ao mesmo tempo e, verdade seja dita, muitas das falhas vistas em Dead Rising 4 são até bem cômicas, como a da selfie que abre o post.
No entanto, a coisa fica chata quando essas falhas prejudicam a experiência de jogo, como aconteceu comigo. Para entender o que aconteceu é preciso explicar algumas mecânicas antes.
Imagem sobreviventes
Em Dead Rising 4, cada região possui um abrigo, que é preciso ser liberado de zumbis para poder receber os sobreviventes que você salva pela cidade. Nesses locais é possível comprar equipamentos, armas e mapas contendo os segredos e colecionáveis do jogo e quanto mais pessoas você salvar, mais ele aumenta de nível, oferecendo melhores equipamentos. No mapa, um abrigo ainda infestado de zumbis é indicado pela cor vermelha, quando é liberado, fica verde e, ao ter a capacidade máxima preenchida, em dourado.
Só que, em um determinado momento da aventura, todos os abrigos que eu já havia liberado foram zerados pelo jogo. Locais que estavam com mais de sete ou oito pessoas, do nada, ficaram vazios e o sistema entendia que eles precisavam ser liberados, mas não dava essa opção novamente.
Os abrigos que desbloqueei após perceber esse bug, pelo menos, permaneceram ativos. Essa falha não chegou a impedir que eu terminasse o game, mas certamente foi um incômodo pelo resto do jogo.
Talvez nada disso acabe ocorrendo com outras pessoas, principalmente com patches de correção futuros, mas deixou uma sensação ruim e diminui bastante as outras qualidades que Dead Rising 4 apresenta.
Entre selfies, zumbis e bugs, Dead Rising 4 se destaca por ser um jogo descompromissado e que está mais preocupado em criar um parque de diversões para o jogador, o que funciona em boa parte do tempo.
Dead Rising 4 está disponível para Xbox One e Windows 10. A cópia do jogo para análise foi cedida pela Microsoft.