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Decifradas cartas da rainha Maria, da Escócia, antes de sua decapitação

As correspondências de Maria foram escritas no período em que a rainha da Escócia esteve presa em um cativeiro na Inglaterra. Um livro reunindo os textos todos está nos planos

maria rainha escocia

Imagem: Reprodução/Domínio público

Cartas codificadas de Maria (ou Mary), Rainha da Escócia foram decifradas por uma equipe internacional. As mensagens foram escritas de 1578 a 1584, enquanto ela estava presa na Inglaterra por sua prima, a Rainha Isabel I (ou Elizabeth I). A monarca foi decapitada em 8 de fevereiro de 1857, no Castelo de Fotheringhay, há exatos 166 anos.

As cartas eram dadas como perdidas, mas foram encontradas pelo cientista da computação George Lasry, o pianista Norbert Biermann e o físico Satoshi Tomokiyo no meio de documentos cifrados nos arquivos online da biblioteca nacional da França. Após resolver o sistema de cifras, o grupo decodificou 57 textos, publicados agora na revista Cryptologia.

Os verbos e advérbios no feminino, assim como a escrita francesa e menções ao cativeiro e ao nome Walsingham (espião mestre de Isabel), levantaram suspeitas de que as mensagens seriam de Maria Stuart.

Uma comparação entre as cartas e os textos de Walsingham na Biblioteca Britânica ajudou a confirmá-las. Então, uma busca por letras semelhantes nas coleções da biblioteca revelou outras mensagens com a mesma cifra.

O que revelam as cartas de Maria, Rainha da Escócia?

A maioria das correspondências de Maria foi para o embaixador francês Michel de Castelnau de Mauvissière. Elas continham reclamações da monarca sobre sua saúde, condições no cativeiro e as negociações com a rainha Isabel I.

Ela também desabafou sobre o sequestro de seu filho James, futuro rei da Inglaterra, em 1582, e sua desconfiança no espião Sir Francis Walsingham, bem como seu rancor por Robert Dudley, conde de Leicester, muito querido por Elizabeth.

Com técnicas manuais e de computador, os estudiosos decodificaram as cartas, descobrindo evidências de suas datas. Assim, os conteúdos deram aos historiadores novas informações sobre a já conhecida comunicação entre Mary e Castelnau. Contudo, segundo o principal autor do trabalho, Lasry, algumas correspondências ainda estão faltando entre as coleções.

Uma das figuras mais famosas do século 16, Maria foi a primeira na linha de sucessão ao trono inglês depois de sua prima Isabel I. Considerada pelos católicos como a legítima soberana, ela ficou presa por 19 anos, como uma ameaça. A rainha da Escócia foi morta aos 44 anos, suspeita de participar de uma conspiração contra Isabel.

“Nós quebramos códigos secretos de reis e rainhas anteriormente, e eles são muito interessantes, mas com Mary Rainha dos Escoceses foi notável porque tínhamos tantas cartas inéditas decifradas e porque ela é tão famosa. Esta é uma descoberta verdadeiramente emocionante”, disse Lasry.

Os autores do estudo esperam que a descoberta leve a pesquisas futuras, e quem sabe um livro. “Em nosso artigo, fornecemos apenas uma interpretação inicial e resumos das cartas. Uma análise mais profunda pelos historiadores pode resultar em uma melhor compreensão dos anos de cativeiro de Mary”, explica Lasry.

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