Presidente do Sinditaxi: pobre não usa táxi e Uber só faz sucesso devido à vaidade
“Pobre tem que se conformar que ele é pobre. Ele só toma [táxi] quando a mulher vai dar a luz, ou ele quebrou a perna… O pobre não vai querer ter o que o rico tem.” É o que afirma Natalício Bezerra, presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de SP (Sinditaxi) à TV Folha.
O presidente respondia a uma questão sobre a falta de táxis nas periferias da cidade de São Paulo, como Grajaú ou São Miguel Paulista, afirmando que “pobre não quer carro na porta”.
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Segundo Bezerra, o Uber está “fazendo os brasileiros de trouxa”, por não agir pelos trâmites legais. O presidente também mostra saber pouco sobre o funcionamento do aplicativo: “Quem sabe de onde eles [os motoristas] vieram? Se são criminosos? Se têm alguma família?”, diz. “Não têm qualificação. Os motoristas de táxi são qualificados”.
Como o Gizmodo Brasil mostrou, os colaboradores do Uber são qualificados e passam por uma checagem de antecedentes criminais no Brasil antes de receberem permissão para dirigir um veículo Uber.
O presidente afirma que o app faz sucesso por apelar para a vaidade: “o ser humano é vaidoso, ele quer um motorista bem vestido, carro preto, parar na porta, abrir… quem olha fala ‘esse cara deve ser um milionário'”, diz.
Bezerra diz também ser um “absurdo” ampliar a frota de táxis na capital paulista: “aumentar número de táxis na cidade de São Paulo é um absurdo”, diz Bezerra durante a entrevista. “Nós temos táxi demais”. A Prefeitura da cidade conta atualmente com cerca de 34 mil alvarás de táxi, um número que ela julga ser eficiente para a população de São Paulo.
Não é abordado, no entanto, que muitos destes alvarás – uma concessão pública – são tratados como bem privado, sendo alugados e vendidos pela cidade. Esta é uma atividade ilegal que todo mundo conhece, até mesmo o governo, como mostramos em nossa matéria sobre a guerra entre Uber e taxistas.
Essa guerra é um assunto delicado, que expõe um conflito entre o mais novo Plano Diretor da cidade de São Paulo e a lei que protege os taxistas. O presidente do sindicato, porém, não vê o Uber como uma alternativa ao transporte público, afirmando que o rodízio de veículos semanal da cidade é uma medida eficiente que pode ser melhorada e ampliada — o que resultaria em um maior número de veículos proibidos de circular diariamente, de acordo com a ideia do presidente.
Bezerra, entretanto, é favorável as bicicletas — o presidente acredita também que “quando as pessoas se acostumarem a irem ao trabalho de bicicleta”, o trânsito também diminuirá.
Você pode ver abaixo a entrevista completa. [TV Folha]
Foto por Nelson Antoine/AP