Decolou: China lança último módulo para concluir Estação Espacial

Com lançamento do terceiro e último módulo Mengtian, a Estação Espacial de Tiangong, da China, cumpre seu objetivo de ficar pronta até 2022
Decolou: China lança último módulo para concluir Estação Espacial
Imagem: China Central Television/YouTube/Reprodução

A China acaba de lançar o módulo Mengtian, o terceiro e último para concluir a operação da Estação Tiangong, a sua estrutura própria de pesquisa espacial. O lançamento foi nesta segunda-feira (31), às 04:39 (horário de Brasília). 

O módulo partiu do Centro de Lançamento de Satélites de Wenchang, no extremo sul da China, a bordo do foguete Long March 5B Y4. Ele só chegará à estação por volta das 19h. 

Com o lançamento, a Estação Espacial Tiangong fica com dois módulos para experimentos científicos. O outro é o chamado Wentian, que está em operação desde julho. 

Ambos ficam acoplados ao módulo central Tianhe, que orbita a Terra desde abril de 2021. Ali, os astronautas Liu Yang (a única mulher), Chen Dong e Cai Xuzhe vivem e trabalham. 

Os tripulantes entraram na estação em junho para completar uma estadia de seis meses a bordo. Eles devem concluir a montagem da estação, fazer caminhadas espaciais e iniciar os projetos da pesquisa chinesa no espaço. 

Até agora, mais de 25 projetos de pesquisa já estão em andamento. Entre eles, há estudos sobre os efeitos da microgravidade em células vegetais, ossos e músculos, e experimentos de cristalização de proteínas. 

A tripulação também levou quase 12 mil sementes para serem cultivadas a bordo. No começo de setembro, mostramos como estão os brotos das plantinhas por lá. Em novembro, Tiangong deve receber uma nave de carga não tripulada e, em dezembro, novos tripulantes sobem à estação. 

Da China para o mundo

Tudo indica que a China olha mais longe quando o assunto é sua estação espacial. Tiangong é um forte candidato para substituir a ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês), que deve ser desativada em 2030

Como Pequim não é parceira da ISS, os astronautas nunca conseguiram acessar a estação. O motivo: as regras dos EUA proíbem a NASA de compartilhar dados com a China.

Isso não pareceu ser um empecilho para o governo chinês. Tiangong construiu sua própria estação com equipamentos quase idênticos aos da ISS. 

Com 23 toneladas e mais de 17,9 metros de comprimento, o módulo Mengtian deve hospedar mais de 1.000 experimentos científicos ao longo dos próximos 10 anos. É o laboratório mais pesado que qualquer outra nave que existe hoje no espaço. 

Além disso, a estação de Tiangong mantém mais de 20 mini laboratórios com centrífugas e câmaras frias que resfriam a até -80ºC, além de fornos de alta temperatura, lasers e um relógio atômico óptico – equipamentos que já existem na ISS. 

Cooperação internacional

E, se tratando de cooperação internacional, Pequim já definiu que pesquisadores de outros países poderão ter acesso ao laboratório em órbita.

Ainda em 2019, o governo chinês escolheu, junto com as Nações Unidas, nove experimentos internacionais para serem desenvolvidos a bordo da estação. Eles vêm da Rússia, Japão, Índia, Quênia, México, Peru e Arábia Saudita. 

Mais que abrir espaço para outros países e, assim, impulsionar relações da China com o resto do mundo, Pequim também faz uma demonstração de força ao construir sua própria estação espacial. 

Depois do lançamento do último módulo, nesta segunda (31), Tiangong quer coletar amostras de Marte, enviar astronautas à Lua e uma sonda não tripulada para Júpiter já em 2030. 

Em 2035, planeja criar foguetes transportadores reutilizáveis e, em 2040, construir seu próprio ônibus espacial com propulsão nuclear. Tudo isso para, em 2045, se tornar a principal potência espacial do mundo.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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