Ciência

Degradação do solo está fazendo plantas se tornarem “canibais” no Brasil

Batizado de "fitocanibalismo", fenômeno raro foi identificado durante pesquisa em uma plantação de árvores na região dos Campos Gerais, no Paraná
Imagem: Governo do Paraná/Reprodução

O canibalismo é um tabu quando se fala na raça humana. Mas pelo visto, as árvores não têm tanto problema assim em “comer” suas companheiras de espécie. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) observaram que árvores pinus podem se “alimentar” de árvores mortas.

O achado em foi descrito e publicado na revista científica Forest Systems. Segundo o estudo, o fenômeno acontece por causa da baixa fertilidade do solo, que faz com que as árvores busquem nutrientes em troncos ainda em pé de plantas em estado de decomposição.

Batizado de “fitocanibalismo”, fenômeno raro foi identificado em uma plantação de pinheiros na região dos Campos Gerais, no Paraná.

Como o “canibalismo” nas plantas acontece

Em ambientes florestais, as folhas de árvores caem sobre o solo e se acumulam, formando uma camada denominada serapilheira (ou serrapilheira). Este é um estrato de matéria orgânica de origem vegetal e animal que se concentra sobre a superfície do solo.

Nesses ecossistemas, é comum que raízes de árvores colonizem a serapilheira para obter nutrientes, mas as raízes também são capazes de penetrar fendas de rochas. Além disso, elas podem também expandir para explorar o solo ao redor, mantendo as plantas vivas nas condições menos prováveis de sobrevivência.

Gráfico mostra como o “canibalismo” acontece. Imagem: UFPR/Reprodução

“As raízes que estavam na serapilheira aproveitaram as rachaduras na base da planta para entrar e expandir entre o lenho e casca, colonizando esse espaço. Antes mesmo de a planta cair sobre o solo, as raízes em volta já começaram a explorar os nutrientes das árvores mortas”, disse o orientador da pesquisa, professor Antonio Carlos Motta, em um comunicado da UFPR.

Assim, para os pesquisadores, o estudo amplia o conhecimento acerca da habilidade de crescimento da raiz do pínus em ambientes sem solo fértil.

Além disso, abre novas possibilidades de pesquisa sobre a ciclagem de nutrientes em ecossistemas florestais. Do mesmo modo, novos estudos ainda poderão avaliar como as variações do sítio florestal afetam o “fitocanibalismo” no pínus e se existem outras espécies com a mesma capacidade.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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