Ver mensagens do WhatsApp, principalmente de grupos, com montes de pessoas que você não conhece direito, pode ser arriscado. Especialmente durante o trabalho e ainda mais se o seu cargo envolver correr o risco de ser filmado a qualquer momento — e um deputado federal talvez não tenha se dado conta desse risco.
Durante uma sessão para debater e votar os rumos da reforma política do Brasil, o deputado federal João Rodrigues (PSD) foi flagrado vendo e mostrando aos colegas da Câmara um vídeo pornográfico no celular. O flagrante foi feito por um canal de televisão e Rodrigues confirmou o protagonismo no vídeo. “Quem nunca recebeu esse tipo de coisa no WhatsApp?”, diz.
O vídeo, divulgado no Facebook do SBT, repercutiu nas redes sociais, mas não dava nome aos bois: afinal, quem era o deputado que via vídeo pornô? O Buzzfeed replicou a notícia e, nos comentários, suspeitas que o ofensor seria o deputado João Rodrigues começaram a surgir. A suspeita foi confirmada depois, por diversos sites de notícia e por ele mesmo.
Apesar do vídeo não identificá-lo — ele só aparece de costas — Rodrigues preferiu confirmar as suspeitas nas redes sociais. “Acho uma covardia tremenda”, disse ao Globo. “A sensação que dá é que é um pedófilo, um pornográfico, mas na verdade só estou apagando mensagem que vêm no WhatsApp de alguém que gosta de pornografia”.
Ao Terra, Rodrigues culpa os amigos e os inúmeros grupos de WhatsApp que participa pela gafe:
“Eu participo de quase uma centena de grupos no WhatsApp e durante o dia vou olhando e separando o joio do trigo. O que me interessa eu arquivo ou reenvio uma resposta e o que não me interessa eu apago. Era justamente isso que eu estava fazendo. Apagando o joio: conteúdo qualquer que não me interessa como parlamentar. Foi justamente nesta hora que um cinegrafista do SBT Brasília captou as imagens”
O deputado diz ter deletado o contato que enviou o conteúdo pornográfico.
Questionado pela Folha, Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, diz que o fato é “uma conduta atípica”, mas que não existem condições para avaliá-la no momento. Segundo Cunha, o caso será analisado caso seja feita uma representação sobre quebra de decoro contra o deputado.
No fundo, ele tem razão: que atire a primeira pedra que não recebeu esse tipo de coisa de amigos sem noção. Seja por WhatsApp ou por emails — mensagem motivacional em apresentação de PowerPoint e correntes não são tão ofensivas, mas também contam.
Mas abrir estas mensagens durante o trabalho – especialmente se o seu o trabalho consiste em votar em decisões tão importantes quanto a reforma política – talvez não seja a melhor ideia.
[Folha – Diário Catarinense – O Globo – Terra – Buzzfeed]