Derretimento do Ártico vai mudar rotas marítimas internacionais
As mudanças climáticas e o aquecimento dos oceanos devem alterar rotas marítimas e criar novos caminhos em águas internacionais. E uma consequência disso é um menor controle da Rússia sobre o comércio no Oceano Ártico, por exemplo.
É o que diz um estudo publicado este mês na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. A pesquisa é assinada por dois cientistas do clima da Universidade Brown, nos EUA, em parceria com um especialista em direito da Universidade do Maine, também americana.
Para Amanda Lynch, que liderou o estudo, a situação é preocupante. “A triste realidade é que o gelo já está recuando, essas rotas estão se abrindo e precisamos começar a pensar para valer sobre as implicações legais, ambientais e geopolíticas disso.”
Segundo Lynch, se o líderes globais não conseguirem manter a meta principal do Acordo de Paris (limitar o aumento média da temperatura global a 1,5ºC) nos próximos 43 anos, as mudanças climáticas provavelmente abrirão várias novas rotas através das águas internacionais em meados deste século.
As mudanças no oceano Ártico podem trazer consequências para o comércio e política mundial. Em 1982, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar deu aos Estados costeiros na região do Ártico autoridade sobre as principais rotas de navegação. Nações cujas costas estão próximas às rotas marítimas do Ártico têm a capacidade de regular o tráfego marítimo da rota, desde que a área permaneça coberta de gelo na maior parte do ano.
Só que alguns países, como a Rússia, usaram essa brecha na lei para seus próprios interesses econômicos e geopolíticos. Uma lei russa exige que todos os navios que passam pela rota do Mar do Norte sejam pilotados por russos. O país também exige que os navios que passam paguem pedágios e informem antecipadamente seus planos de usar a rota.
A regulamentação é uma entre muitas razões pelas quais as grandes companhias de navegação muitas vezes ignoram os altos custos dessas rota e preferem usar os canais de Suez e Panamá — rotas comerciais mais longas, mas mais baratas e menos burocráticas. Mas, com o avanço do gelo, o controle dos países devem passar por mudanças num futuro próximo.