No começo do ano, dia 25 de fevereiro, a base brasileira na Antártica foi totalmente dizimada pelo fogo. Um incêndio a destruiu e levou junto a vida de dois militares, o sargento Roberto Lopes dos Santos e o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo. O inquérito policial militar (IPM) aberto no dia do desastre descobriu que naquele dia havia uma festa rolando na base. E ela pode ter ligação direta com o incêndio.
A festinha foi feita em homenagem à professora Therezinha Monteiro Absher, da UFPR, que neste ano completou 30 anos de expedições à Antártica. Suspeita-se que os alarmes de incêndio foram (e eram, em ocasiões semelhantes) desligados para não atrapalhar os embalos de sábado à noite, já que o gelo seco que cientistas e militares usavam para animar a balada poderiam acioná-los e acabar com a festa.
Durante os depoimentos, os cientistas não sabiam informar se os sensores haviam sido desligados mesmo — muitos alegaram nem saber onde as travas ficavam, pois a tomada desse tipo de decisão cabe aos militares.
Apesar da confusão, alguns pesquisadores dizem que, não fosse o “Baile da Terceira Idade”, como chamavam a festa em tom de brincadeira, as consequências seriam piores. Como o incêndio começou à noite, sem a festa a maioria estaria dormindo e as chances de escapar com vida seriam bem menores.
Ainda não há confirmação oficial, mas aparentemente três militares poderão ser indiciados pelo ocorrido: Fernando Tadeu Coimbra, comandante da base e capitão da fragata; Luciano Gomes Medeiros, sargento ferido no incidente e responsável pelos geradores; e João Cavaci, sargento e técnico em eletrônica da base. [Estadão]