Devil May Cry 4 é o jogo descerebrado que nos faz lembrar porque gostamos de videogames

por Bruno Izidro Permitam-me começar esse texto fazendo uma relação entre games e cinema. Sim, eu sei, é algo bem manjado, mas que ajuda a entender melhor Devil May Cry 4 Special Edition, remasterização do jogo de 2008 que saiu recentemente para PS4, Xbox One e PC. Na sétima arte é comum termos vários tipos […]

por Bruno Izidro

Permitam-me começar esse texto fazendo uma relação entre games e cinema. Sim, eu sei, é algo bem manjado, mas que ajuda a entender melhor Devil May Cry 4 Special Edition, remasterização do jogo de 2008 que saiu recentemente para PS4, Xbox One e PC.

Na sétima arte é comum termos vários tipos de obras, desde filmes mais “cabeça” até aqueles que servem para entretenimento puro e simples. Cada vez mais essa diversificação vista no cinema vem acontecendo nos games, que sempre foram vistos como algo que representava somente de desafios mecânicos, mas que nos últimos anos começa a apresentar títulos como Gone Home, Spec Ops: The Line e This War of Mine. Esses jogos trazem reflexões sobre assuntos sobre crescimento pessoal, descoberta da sexualidade, o terror da violência e o impacto das guerras, o que mostra a maturidade (ou uma tentativa de amadurecer) dos videogames enquanto mídia.

Porém, enquanto assistir A Montanha Sagrada, de Alexandro Jodorowsky, seja uma experiência que pode mudar sua visão de mundo (ou te deixar bem confuso), por outro é até saudável vez ou outra simplesmente desligarmos o cérebro por algumas horas para vermos um Velosos e Furiosos 7. Esse tipo de filme está ali para entreter, te fazer relaxar e mostrar por que é legal ver explosões e cenas grandiosas em uma tela. É justamente aí que se encaixa Devil May Cry 4, um jogo que existe para mostrar que às vezes mecânicas bem feitas (e fatiar demônios suspensos no ar) é o que precisamos para nos divertir com videogames.

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Foi com esse pensamento completamente descompromissado que iniciei Devil May Cry 4 Special Edition. O pouco contato que tive com a série também facilitou isso. Eu não estava ali para saber quem era esse novo personagem Nero, por que ele parece um Dante mais novo ou o que seria aquele poder no braço dele. Não, eu só queria me divertir com um hack and slash cheio de golpes especiais e situações absurdas.

Situações absurdas, aliás, que só ressaltam o quanto Devil May Cry 4 não é pra ser levado a sério e o próprio jogo tem consciência disso. Assim como Velosos e Furiosos sabe o quão ridículo é fazer um carro saltar de um prédio para outro (duas vezes!), mas cria uma catarse de empolgação no cinema, Devil May Cry 4 faz Dante destruir um portal para o inferno com estacas explosivas formando um coração. É sem sentido, exagerado e perfeito para o clima o jogo.

Remasterizações já são mal vistas por muitos jogadores na atual geração (e muitas vezes com razão), mas algo que a Special Edition de Devil May Cry 4 faz bem, muito mais do que só dar um tapa no visual, é chamar a atenção para o ponto forte do jogo: a mecânica hack and slash cheia de combinações e combos.

A nova versão faz isso ao adicionar novos personagens jogáveis. Se no original só podíamos arrebentar os demônios com Nero (e depois com Dante), agora temos a adição de Vergil e Lady (e depois Trish), que estão disponíveis desde o início. O legal é que eles não são simples skins e cada um tem golpes e habilidades distintas, o que amplia as possibilidades do jogo.

Os estilos diferentes entre os personagens, os novos poderes que se pode comprar no decorrer do jogo para dar mais variação ao combate, fora a jogabilidade já bem trabalhada é o que faz Devil May Cry 4 ser tão divertido e até os defeitos na câmera e alguns momentos chatos de desafios de plataforma são diminuídos, não comprometendo (tanto) a experiência.

De uma falha grave, porém, o jogo não pode escapar e o pior é que o problema nem é realmente culpa do jogo em si e sim da existência do remake da série. DmC Devil May Cry também ganhou recentemente um relançamento para PS4 e Xbox One e basta experimentar rapidamente o jogo da Ninja Theory – que é, em quase todos os aspectos, superior –  para se perder completamente a vontade de voltar ao quarto jogo. Aí sim, as marcas da idade de Devil May Cry 4 ficam mais aparentes.

Voltando às relações com o cinema, é como se DmC fosse o recente Mad Max: A Estrada da Fúria e Devil May Cry 4 fosse, por exemplo, Mad Max 2. A nova versão consegue trazer elementos característicos da série, atualizá-los para uma nova audiência e ainda acrescentar um toque próprio que o deixa melhor. Ele não tira o mérito dos anteriores: Mad Max 2 continua um bom filme assim como Devil May Cry 4 continua um bom jogo, mas agora sabemos que há algo melhor por aí.

Falar de DmC, assim, de súbito, pode até parecer estranho em um texto sobre Devil May Cry 4, mas a experiência de jogá-lo causa tanto impacto que é impossível não mencionar. Fora que DmC Devil May Cry: Definitive Edition foi lançado poucos meses antes de Devil May Cry 4 Special Edition e, visto agora, parece que essa foi uma decisão errada da Capcom. Pra completar, a versão remaster de DmC ainda tem legendas em português; já Devil May Cry 4 vem sem nenhuma localização para a nossa língua.

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Devil May Cry possui dois jogos na atual geração. Um é um jogo de ação muito bom e que tem novidades que justificam uma remasterização, porém é o outro que vai realmente te deixar empolgado para jogar. Pelo o que falei acima, você já sabe qual é.

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Devil May Cry 4 Special Edition está disponível para PS4 (versão testada), Xbox One e PC. A Cópia do jogo para análise foi cedida pela Capcom.

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