Este diamante maltratado sobreviveu a “uma jornada até o inferno e de volta dele” e tem uma história espetacular para contar. Cuspido de dentro da terra, é a primeira evidência direta que temos de um teoria científica que diz que grandes quantidades de água estão presas no manto da Terra.
O mineral foi encontrado na cidade de Juína, no Mato Grosso, e recebeu o nome de ringwoodite, em homenagem ao geólogo australiano Ted Ringwood. Inicialmente especulava-se que ele não era grande coisa, mas estudos feitos sobre a sua composição mostraram que ele pode nos ajudar a compreender melhor o nosso planeta, como explica o Livescience:
O diamante do Brasil confirma que esses modelos são corretos: olivina é ringwoodite nesta profundidade, em uma camada chamada zona de transição de manto. E isso soluciona um longo debate sobre a água na zona de transição do manto. O ringwoodite é 1,5% água, presente não apenas como líquido mas também íons de hidróxico (moléculas de hidrogênio e oxigênio ligadas). Os resultados sugerem que poderia haver um grande estoque de água na zona de transição do manto, que se estende a 410 a 660 km de profundidade.
O manto fica abaixo da crosta terrestre e se estende a uma profundidade de 2.900 quilômetros, até chegar ao núcleo da terra. Em sua parte superior encontra-se a olivina. Ao sofrer pressão e aumento de temperatura, ela forma a ringwoodite, que, em sua estrutura mineralógica, tem capacidade de incorporar água.
Essa formação ocorre na zona de transição do manto – que fica entre 410 e 660 quilômetros abaixo da terra – onde, aparentemente, há um grande reservatório de água. Segundo Graham Pearson, da Universidade de Alberta, autor do estudo, esse reservatório pode ter tanta água quanto os oceanos do planeta.
O próximo passo para os cientistas é encontrar provas de água em outros diamantes para estabelecer que isso é algo comum e, portanto, esta zona de transição do manto realmente conta com uma grande quantidade de água.[Sploid, Público]