_Ciência

Este recém-descoberto dinossauro se parece com um casuar

Este recém descoberto Oviraptoridae se parece bastante com a ave casuar, nativa do nordeste da Austrália, Nova Guiné e ilhas circundantes

Praticamente todas as crianças com idade para ir para escola já sabem que os pássaros descenderam dos dinossauros. E, olhe só, esse recém descoberto Oviraptoridae se parece bastante com a ave casuar, nativa do nordeste da Austrália, Nova Guiné e ilhas circundantes – desde sua crista, seu longo pescoço e forma de avestruz. Os paleontólogos que descobriram o dinossauro estão estudando agora casuares modernos para entender melhor seu potencial comportamento.

• Os pássaros não esperaram para dominar o mundo depois da morte dos dinossauros
• O parente de crocodilos que aterrorizou dinossauros na Madagascar pré-histórica

O recém-descrito Oviraptoridae é chamado de Corythoraptor jacobsi, e seus restos fossilizados – um esqueleto muito bem conservado e praticamente completo – foram descobertos perto da estação de trem em Ganzhou, na província de Jiangxi, no sul da China. A descoberta da nova espécie mostra que os Oviraptoridaes – um grupo de dinossauros parecidos com aves, herbívoros e onívoros – estão entre os grupos mais prolíficos e variados de dinossauros a viver na região árida de Ganzhou durante o período Cretáceo Superior, entre 100 milhões e 66 milhões de anos atrás. Os detalhes da descoberta foram publicados nesta quinta-feira (27), na Scientific Reports.

Os Oviraptoridae (não confunda com o Oviráptor – este é outro tipo de dinossauro) são conhecidos por seus bicos sem dentes, parecidos com os de papagaios, e, em alguns casos, pelas suas cristas elaboradas, conhecidas como cascos. O Corythoraptor jacobsi tinha uma crista particularmente acentuada, muito parecida com aquela que encontramos nos casuares.

Dinossauros estão entre nós? Um casuar livre em Etty Bay, norte de Queensland, Austrália. (Imagem: Summerdrought/Wikimedia)

Como o autor líder Junchang Lü, da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, apontou no novo estudo, uma análise comparativa das semelhanças físicas entre as duas espécies pode jogar luz sobre o papel funcional desempenhado pela crista – um possível exemplo de evolução convergente, em que uma característica física semelhante emerge de forma independente em duas espécies diferentes (casuares podem ter evoluído a partir dos dinossauros, mas eles conseguiram essas características particulares de forma independente – apenas pequenos pássaros sobreviveram à extinção em massa que matou os dinossauros). Junchang e sua equipe especulam que a crista serviu para mais de um propósito; talvez ela tenha sido utilizada como uma forma de exibição e de comunicação. Ela pode ter servido até mesmo como uma expressão de aptidão reprodutiva durante a época de acasalamento, algo similar com as penas elaboradas encontradas nos pavões.

O espécime encontrado nos depósitos do Cretáceo Superior de Ganzhou consistia de um crânio, um maxilar e um esqueleto praticamente completo.

Uma análise detalhada da anatomia do espécime e de sua estrutura óssea sugere que ele tinha cerca de oito anos quando morreu, tratando-se provavelmente de um jovem adulto que não chegou a alcançar a maturidade completa. Ele foi diferenciado de outros dinossauros Oviraptoridae pela sua crista pronunciada, pelo longo pescoço e pela orientação esqueletal única de sua vértebra, entre outras diferenças. Os pesquisadores dizem que ele foi relacionado com o Huanansaurus, um Oviraptoridae muito parecido, também da região de Ganzhou. Nenhum traço de penas foi encontrado no fóssil, mas descobertas anteriores sugerem que os Oviraptoridae eram. de fato, animais com penas.

Imagem: Junchang Lü et al., 2017

Nos últimos anos, paleontólogos trabalhando na região da China descobriram um tesouro de esqueletos de Oviraptoridae, ovos e ninhadas (ninhos cheios de ovos). Ganzhou é uma das regiões mais produtivas do mundo em relação aos Oviraptoridae, e esse recém-descoberto dinossauro agora representa a sétima espécie conhecida a viver nessa área durante era geológica.

“A descoberta do Corythoraptor jacobsi oferece evidências inéditas de que dinossauros Oviraptoridae são morfologicamente e taxonomicamente muito mais diversos na área de Ganzhou do que em qualquer outra área conhecida no mundo”, concluem os autores do estudo.

De fato, os pesquisadores afirmam que havia muitos desses animais na região, possivelmente até mesmo em bandos, preferindo habitats secos, como o deserto. Os Oviraptoridae alimentavam-se principalmente de tipos de vegetação dura e baixa que nascem em climas áridos.

Os dinossauros se foram há muito tempo, mas saber que alguns deles lembram animais que continuam vivos hoje em dia faz com que eles pareçam mais reais.

[Scientific Reports]

Foto do topo: Reconstrução artistica do Corythoraptor jacobsi. Crédito: Zhao Chuang.

Sair da versão mobile