Uma nova série de amostras de DNA sugere que os yetis, ou os Abomináveis Homem das Neves, eram, na verdade, ursos locais dos Himalaias.
Uma equipe internacional de pesquisadores avaliou amostras genéticas de ursos e de um suposto yeti para melhor entender a origem da criatura mitológica. Os resultados encontrados pelos pesquisadores sugerem que yetis dificilmente foram criaturas paranormais ou até mesmo estranhas, mas a análise também ajudou a entender melhor os ursos que vivem nos Himalaias.
“Mesmo que não tenhamos descoberto uma estranha nova espécie híbrida de ursos ou alguma criatura símia, foi empolgante para mim que o estudo tenha nos dado a oportunidade de aprender mais sobre os ursos dessa região, por eles serem raros e devido a pouca quantidade dados genéticos publicados sobre estas criaturas até então”, disse Charlotte Lindqvist, autora do estudo e professora de biologia na Universidade de Buffalo, em Nova Iorque, ao Gizmodo.
O yeti, ou abominável homem das neves, é um símio hominídio selvagem que há muito tempo é tópico da mitologia Himalaia. Cientistas questionaram pesquisas anteriores que sugeriam que amostras do cabelo do yeti eram na verdade de um estranho urso polar híbrido ou de uma nova espécie. A análise “não excluiu a possibilidade que as amostras pertenciam a um urso-pardo”, de acordo com o artigo publicado nesta quarta (29) na Proceedings of the Royal Society B.
Lindqvist e sua equipe analisaram amostras do DNA de 24 ursos diferentes ou supostos yetis silvestres e de museus, incluindo fezes, pelos, pele, e ossos. Eles eram definitivamente todos ursos – e as amostras de yeti pareciam corresponder bem com o existente urso-pardo dos Himalaias. “O estudo representa a mais rigorosa análise até então de amostras suspeitas de derivarem de criaturas-hominídeas anômalas ou místicas”, conclui o artigo, “sugerindo que a basi biológica da lenda do yeti é de ursos-pardos e ursos-negros locais”.
O pesquisador Ross Barnett, da Universidade Durham, no Reino Unido, que investiga DNA antigo de felinos, disse ao Gizmodo que ele considerou o estudo convincente e não teria feito muito diferente. Ele apontou que a pesquisa poderia beneficiar de mais dados em outras populações de ursos-pardos, ou espécies que recentemente foram extintas como o urso-do-atlas. Mas ainda assim, “espero que outros grupos aproveitem desta grande base de dados que estes autores criaram”, para ajudar a entender como ursos-pardos se distribuíram pelo mundo, ele disse ao Gizmodo por email.
Quando questionado o que um leitor deve entender do estudo – e se isso diluía o folclore local – Lindqvist acredita que não. “A ciência pode ajudar a explorar tais mitos – e suas origens biológicas – mas tenho certeza que ele continuará a existir e a ser importante a cultura”, disse.
E não é como se o estudo excluísse a existência de uma criatura paranormal completamente diferente. “Mesmo que não haja prova para a existência de críptidos, é impossível excluir por completo que eles tenham ou não vivido onde os mitos existem – e as pessoas amam mistérios”.
[Proceedings of the Royal Society B]
Imagem de topo: Zoo Hluboka/Wikimedia