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Durante a menopausa, cerca de 80% das mulheres podem desenvolver sintomas de transtornos mentais

Joel Rennó Júnior comenta estudo realizado no Reino Unido e discorre sobre a importância de uma rede de apoio para aquelas mulheres que estão passando por períodos difíceis

Texto: Redação / Arte: Simone Gomes / Jornal da USP

A perimenopausa, ou transição menopáusica, é o período que antecede o final da menstruação na vida de uma mulher. Com início entre cinco e sete anos antes da menopausa, a perimenopausa é vista como uma janela de vulnerabilidade para sintomas depressivos e depressão. De acordo com um estudo realizado na Universidade de Cardiff — situada no País de Gales —, durante o período de transição menopáusica cerca de 80% das mulheres desenvolvem sintomas de transtornos mentais. Sobre esse assunto, o médico psiquiatra Joel Rennó Júnior, coordenador do Programa de Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, discorre sobre os efeitos químicos dos hormônios na saúde mental das mulheres.

“Os transtornos de humor, incluindo o transtorno bipolar, ou o transtorno afetivo bipolar, assim como a depressão, eles, sem dúvida, pelas oscilações dos níveis hormonais de estrogênio e progesterona, se tornam mais vulneráveis. As pessoas leigas precisam ter conhecimento que o estrogênio na realidade tem uma ação múltipla no sistema nervoso central. Ele regula aqueles mesmos neurotransmissores, que são aqueles mensageiros químicos cerebrais como serotonina, entre outros, e na ausência dele, muitas mulheres são predispostas a terem quadros de transtornos de humor”, afirma.

Joel Rennó Júnior – Foto: Arquivo pessoal

Impacto na vida das mulheres

Além dos hormônios e dos sintomas físicos que acontecem na perimenopausa e menopausa, os fatores sociais como o crescimento dos filhos ou outras doenças como o tabagismo também são capazes de interferir na saúde mental das mulheres. Por isso, Rennó discute sobre a importância de uma rede de apoio para aquelas que estão passando por períodos difíceis.

Para Rennó, apenas o uso de reposição hormonal não é suficiente para amenizar o sofrimento dessas mulheres, existem fatores que precisam ser pensados para melhorar essa qualidade de vida: “Tudo isso precisa ser muito bem avaliado, por exemplo, mudanças de hábitos, cessação de tabagismo, readequação nutricional, atividade física, psicoterapia, uma série de situações que não só ajudem como previnam, e o sofrimento que isso tudo gera na vida dessas mulheres, muitas mulheres perdem totalmente o prazer pela vida”.

Segundo Joel Rennó, existem alternativas não hormonais eficazes tanto para o tratamento de quadros de bipolaridade quanto para os sintomas físicos, como os fogachos (ondas de calor). “As pessoas, as mulheres que estão nos ouvindo, se elas quiserem se inteirar melhor sobre esses assuntos, não só de menopausa, mas de saúde mental da mulher, eu indico o nosso Tratado de Saúde Mental da Mulher, recém-lançado, que a gente tem vários temas interessantes. É pela Editora Manoli e pode ser adquirido na Amazon”, conclui.

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