Uma loja de aplicativos e um canal de serviços na tela da sua TV – mesmo que ela não tenha acesso à internet. Estes são os projetos-piloto da Empresa Brasil de Comunicação, estatal responsável pelos veículos públicos de comunicação, como a TV Brasil e a Agência Brasil, para a TV digital. Eles foram apresentados por Emerson Weirich, gerente executivo de engenharia e rádio da EBC, na Campus Party 2013.
O Portal de Aplicativos EBC é um projeto já concluído e disponibiliza para o espectador uma série de apps, como clima, trânsito, responder enquetes e até mesmo ver na tela os tweets do programa que assiste. “A navegação é muito parecida com um aplicativo de tablet ou de celular”, diz Weirich. Isto, segundo o executivo, demanda uma certa capacidade de usar por parte do espectador.
Por isso, o segundo projeto busca ser mais simples: o Canal de Serviços do Governo Federal é como um canal de televisão com algo a mais: a interatividade. O Canal está em testes na cidade de João Pessoa, onde cem famílias cadastradas no bolsa-família receberam set-top boxes para testá-lo.
A decisão de realizar os testes com essas famílias não foi por acaso: segundo João Batista Banari Bó, diretor de inovações tecnológicas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a intenção do Governo Federal é incluir digitalmente mais de 80 milhões de pessoas através do sinal aberto de TV digital.
Ambos os projetos usam Ginga, o middleware padrão desenvolvido especialmente para a TV digital brasileira e que é obrigatório em todas as TVs e receptores produzidos aqui. Ele garante que o aplicativo rode em qualquer televisão, independente da marca.
As políticas governamentais para a TV digital também incluem o investimento de R$ 15,4 milhões na criação de centros de produção e pós-produção de conteúdo, além de medidas como a adoção de “cotas” de programação nacional nos canais das TVs por assinatura.
Já faz um tempo razoável que a gente ouve falar nesses assuntos. No Brasil, o padrão digital chegou em 2007, mas até agora, a tão prometida interatividade ficou só no campo das possibilidades. Será que agora vai?
Foto: Cristiano Sant’Anna/indicefoto/Flickr da Campus Party