O eclipse de agosto deixou um “rastro” na atmosfera superior da Terra

Um eclipse solar total, por si só, não é tão incomum — a Lua ofusca o Sol a cada 18 meses, a partir do ponto de vista de alguém na Terra. Mas o “Grande Eclipse Americano” deste ano foi especial simplesmente pela quantidade de terra habitada que ele cobriu, atravessando a extensão dos Estados Unidos do […]

Um eclipse solar total, por si só, não é tão incomum — a Lua ofusca o Sol a cada 18 meses, a partir do ponto de vista de alguém na Terra. Mas o “Grande Eclipse Americano” deste ano foi especial simplesmente pela quantidade de terra habitada que ele cobriu, atravessando a extensão dos Estados Unidos do Oregon à Carolina do Sul. E isso levou a novas observações científicas incríveis.

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Pesquisadores do Observatório Haystack, do MIT, e da Universidade de Tromso, na Noruega, observaram os estranhos efeitos do eclipse na atmosfera, usando dois mil sensores que receberam dados de satélites de posicionamento. Eles conseguiram confirmar um comportamento teorizado tão pequeno que não havia sido detectado antes: “ondas de arco” atmosféricas, como as ondas mais externas do rastro de um navio. Essas ondas contam uma história importante sobre a complexidade da atmosfera da Terra.

“Estávamos observando alguns fenômenos que eram esperados, mas que nunca tivemos a chance de observar”, contou o autor do estudo, Shun-Rong Zhang, do Observatório Haystack, em entrevista ao Gizmodo. “Essa foi a surpresa que encontramos… tínhamos uma ampla cobertura, e nosso sistema é sensível o bastante para conseguir ver essas variações menores. Isso foi realmente muito interessante para nós.”

O calor do Sol fornece energia à atmosfera da Terra. A Lua passando em frente ao Sol causa uma queda notável de energia na zona sombreada. A sombra viaja rápido o bastante para criar uma onda de arco na atmosfera — a mesma ideia das ondas em formato de V que são deixadas para trás por barcos viajando na água. A onda de arco do eclipse era muito leve para se detectar — até agora.

Tentativas anteriores de detectar essas ondas não reuniram nem de perto a quantidade de dados que o eclipse de 21 de agosto ofereceu. Dessa vez, os pesquisadores tinham dois mil receptores posicionados em todos os Estados Unidos, coletando dados de satélites de posicionamento. Esses sensores conseguiam detectar alterações na ionosfera, a parte da atmosfera com várias partículas eletricamente carregadas. Eles revelaram as ondulações atmosféricas nos Estados Unidos centrais e na porção leste do país.

Não precisa se preocupar com essas mudanças atmosféricas — elas não são nem de perto intensas como clima solar, o que poderia danificar a rede elétrica e sistemas de comunicação, explicou Zhang. A atmosfera é complexa e tem muitas regiões com partículas tanto carregadas quanto neutras. Cientistas estão sempre tentando entender como essas partes da atmosfera se conectam umas com as outras. Ver essas ondas se propagarem e se dissiparem pela atmosfera aprofunda nosso entendimento dessa interconectividade.

Por fim, o artigo, aceito para publicação na Geophysical Research Letters, conclui que esses resultados “resolvem uma controvérsia antiga em torno de um dos eventos ativos mais espetaculares da natureza”.

[GRL]

Imagem do topo: Bernd Thaller/Flickr

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