Texto: Carlos Fioravanti | Revista Pesquisa FAPESP
Não se sabe quantas onças-pintadas (Panthera onca) vivem livres nas florestas do estado de São Paulo. Devem ser poucas porque a caça, a escassez de hábitats e de presas e a morte por atropelamento reduzem continuamente as populações dos maiores carnívoros terrestres da América do Sul. O Guia de onças-pintadas do estado de São Paulo, lançado no final de novembro, retratou 51 delas.
“É um levantamento necessário para conhecermos melhor as populações e a identidade das onças-pintadas, componentes fundamentais da biodiversidade, por serem predadoras terrestres de topo [da cadeia ecológica]”, diz a bióloga Beatriz de Mello Beisiegel, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), coordenadora do levantamento. De sua elaboração participaram especialistas do ICMBio, da Fundação Florestal e do Instituto de Pesquisas Ambientais de São Paulo.
As poucas onças-pintadas das terras paulistas andam muito. “Um macho que acompanhamos andou entre pontos separados por 97 quilômetros, do leste do parque estadual Carlos Botelho ao sul do Petar [Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira], na região sudeste do estado”, comenta Beisiegel. “A possibilidade de identificar cada uma pode indicar corredores, entre os grandes remanescentes florestais, que precisam ser mantidos e melhorados.”
Cada animal foi identificado por câmeras fotográficas instaladas nas matas e diferenciado por meio das manchas únicas sobre o corpo, as chamadas rosetas. Theodoro, com 90 quilogramas (kg), que circula principalmente no interior do parque estadual Morro do Diabo e próximo ao rio Paranapanema, no oeste do estado, foi visto em 2021 copulando em frente a uma das armadilhas (a fêmea não foi identificada). Vista em 2021 e 2022, Juçara é a única fêmea que circula no oeste, limite do parque estadual Morro do Diabo.