Ecologistas russos descobrem trigo geneticamente resistente a fungo
Ecologistas de instituições de pesquisa da Rússia encontraram variedades de trigo capazes de resistir ao mofo da neve, nome popular dado ao fungo patogênico Microdochium nivale, comum em plantações no inverno rigoroso do hemisfério norte.
O estudo, publicado na revista científica Plants, tem base em uma busca no Banco de Recursos Genéticos de Plantas do Instituto Vavilov, de São Petersburgo. O laboratório reúne 1.085 amostras de colheitas feitas na Rússia há mais de 100 anos.
Os pesquisadores coletaram dados de 15 colheitas, sendo a mais antiga de 1978 e a mais recente de 2021. Ali, encontraram amostras infectadas com o fungo em pelo menos 10 safras.
Mas algo surpreendeu: 12 genótipos resistiram ao mofo da neve. Agora, como conhecem quais são esses genótipos, os pesquisadores podem selecionar, e plantar, apenas os cereais resistentes.
A descoberta é útil porque resolve um problema de décadas das plantações da Rússia. Como é uma cultura de inverno, o trigo enfrentava o avanço desse fungo depois do derretimento da neve. Gradualmente, as folhas apodrecem. Quanto maior o mofo, o fungo consegue matar toda a planta, desde as folhas até a raiz.
“O apodrecimento das culturas de inverno é observado em plantas que passam muito tempo a uma temperatura próxima a 0 ºC, sem luz solar e sob espessa cobertura de neve”, disse Rebouh Nazih, professor da RUDN (Universidade Russa da Amizade dos Povos).
“Sob tais condições, as plantas rapidamente queimam os nutrientes. Isso enfraquece sua resistência e elas se tornam alvos fáceis para os fungos. Com a seleção, a produtividade e resistência aumentam”, afirmou.
Segundo o pesquisador, as variantes mais resistentes são o método mais confiável e econômico de controlar essas doenças, uma vez que os agricultores não precisam aderir ao uso de agrotóxicos.