Em breve, robôs escreverão livros de ficção interativos
Escrita de ficção interativa é um mercado de nicho, mas está sempre cheio de novidades. Imagine quantos livros como os da série Escolha Sua Aventura as crianças poderiam passar horas e horas lendo se houvesse robôs para escrever estas histórias? Pois saiba que isto pode acontecer em breve.
Isso mesmo, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia estão trabalhando duro num programa de inteligência artificial que pode criar ficções interativas — como Escolha Sua Aventura ou Twine — a partir da leitura de histórias escritas por humanos e do estudo de suas estruturas narrativas. Batizada de “Scheherazade-IF” (de interactive fiction, ou ficção interativa) por causa da lendária contadora de histórias persa, essa inteligência artificial é capaz de criar ficções interativas que um grupo de leitores (humanos) considere coerentes e atraentes.
Para treinar Scheherazade, os pesquisadores fizeram o robô ler centenas de histórias escritas por humanos sobre dois assuntos populares: assaltos a banco e encontros noturnos no cinema. O programa não entende as histórias em si, mas consegue reconhecer eventos importantes e aprender sua sequência. Por exemplo: quando ele lê um monte de histórias que fazem referência a pipoca, ele aprende que pipoca é uma coisa que as pessoas gostam de comprar no cinema, e que fazem isso antes do filme começar.
Num artigo apresentado na semana passada na conferência Foundations of Digital Games, os engenheiros de Scheherazade pediram para os leitores julgarem as habilidades de escrita da inteligência artificial. Três grupos de teste participaram de duas histórias interativas — uma sobre assalto a banco, outra sobre ir ao cinema — geradas pelo robô, por um gerador de “roteiro perfeito” programado por humanos e um contador de histórias aleatório. Os pesquisadores, então, pediram aos leitores para relatar o número de erros de senso comum — como, por exemplo, cenas fora da sequência — e classificar as histórias em termos de divertimento geral e coerência.
Para a história de roubo a banco, o sistema de inteligência artificial se saiu tão bem quanto o contador de histórias perfeito, enquanto no cenário de filmes, ele ficou 17% abaixo. Em ambos os casos, Scheherazade foi muito mais eloquente que o gerador de histórias aleatórias. Tanto o contador de histórias programado por seres humanos quanto o de inteligência artificial receberam notas semelhantes em termos de coerência, envolvimento do leitor, divertimento e reconhecimento da história.
No momento, os pesquisadores estão pagando pessoas para escrever com frases de estruturas simples as histórias que a Scheherazade está lendo. Mas, em algum momento no futuro, o robô deve estar desenvolvido a ponto de poder ler novelas complexas e então remixá-las em histórias interativas.
Você sabe onde isso vai acabar, certo? O universo de Star Wars vai se expandir ainda mais.
[Georgia Tech News via Popular Mechanics]