Texto: Agência FAPESP
Conhecidos genericamente por aranha-marrom, os aracnídeos do gênero Loxosceles possuem um veneno poderoso, que pode causar necrose na pele e até mesmo efeitos sistêmicos, como anemia. Uma das consequências mais temidas é o surgimento de uma lesão necrosante na pele – quadro conhecido como loxoscelismo cutâneo e caracterizado por uma mancha dolorida na região da picada, onde surge uma mistura de áreas de cor violeta e áreas pálidas.
Em vídeo produzido pela equipe da Agência FAPESP, a médica especializada em acidentes com animais peçonhentos Ceila Maria Sant’Ana Málaque ensina a identificar esse tipo de aranha e descreve como ocorre a maioria das picadas.
“É uma aranha pequena, com as patinhas finas e sem pelo. Para picar ela precisa ser comprimida contra o corpo, se sentir agredida. Na maioria das vezes, os locais de picada são as áreas centrais do corpo, como tronco, braço e coxa. A pessoa está vestindo a roupa ou dormindo e comprime a aranha”, diz a médica, que trabalha no Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan e na Unidade de Terapia Intensiva do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, vinculado à Universidade de São Paulo (USP).
Málaque conduziu um estudo clínico que comprovou ser possível reduzir significativamente as chances de necrose do local da picada com a administração de soro antiveneno nas primeiras 48 horas após o acidente (leia mais em: agencia.fapesp.br/40511/).
O soro usado na pesquisa é produzido no Instituto Butantan, mas ainda não havia consenso sobre qual é a melhor estratégia para evitar ulceração e necrose nos casos de envenenamento por aranha-marrom.
O estudo prospectivo observacional foi apoiado pela FAPESP. Durou seis anos (de novembro de 2014 a novembro de 2020) e envolveu 146 pacientes, dos quais 74 receberam o soro e 72 não. Os resultados foram divulgados na revista PLOS Neglected Tropical Diseases.