Em um bom lembrete de que nem tudo está perdido, as emissões globais de carbono quase não cresceram durante o ano. Este é o terceiro ano seguido que as emissões de carbono ficaram estáveis. Ainda estão muito mais altas do que deveriam ser, porém, pelo menos estão estáveis.
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A boa notícia vem do Global Carbon Project, uma equipe internacional de cientistas que tem como objetivo medir o quanto nós humanos geramos de CO2, e onde que essa quantidade de emissão vai nos levar. Segundo as últimas projeções do grupo, nossa emissão de carbono aumentou 0,2% em 2016. Entre 2014 e 2015, o mesmo grupo mediu que não houve aumento líquido de emissões. Os dados são considerados bons, considerando que na década anterior as emissões aumentaram 2,3% por ano.
Melhor ainda, o PIB global continua a crescer a uma taxa superior a 3% ao ano — havia um medo de que a redução de emissões pudesse afetar a economia. “Este é o terceiro ano em que quase não houve aumento nas emissões é sem precedentes, ainda mais com crescimento econômico sólido”, informa Corinne Le Quéré, uma das autoras do estudo, que é do Tydall Centre for Climate Change Research.
As conclusões, publicadas nessa semana no periódico Earth System Science Data, indicam que a pausa nas emissões tem ocorrido pela redução do uso de carvão nos Estados Unidos e na China, que são os principais emissores de carbono do mundo.
As emissões na China caíram cerca de 0,7% em 2015; e neste ano é esperado uma queda de 0,5%, embora ainda haja incertezas sobre dados recentes referentes ao assunto. Nos Estados Unidos, as emissões caíram 2,6% em 2015; as projeções para este ano apontam uma outra queda de 1,7%. Em contrapartida, a rápida industrialização de países como a Índia tem aumentado rapidamente a emissão de carbono.
Enquanto há ainda motivos para ser cautelosamente otimista sobre esses três anos de estabilidade, especialmente com a economia global crescendo, nós devemos colocar estes números em contexto. Combustíveis fósseis e a atividade industrial ainda jogaram cerca de 36 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera no último ano. Para interromper o aquecimento global, nós precisamos que este número chegue a zero.
“[A estabilização das emissões] é de grande ajuda para combater as mudanças climáticas, mas não é o suficiente”, disse Le Quére. “As emissões globais agora precisam cair rapidamente, não só pararem de aumentar.”
Segundo o estudo dos autores, nós agora temos aproximadamente 800 bilhões de toneladas de carbono “em nosso banco”, se quisermos preservar os dois terços de chance de ficarmos abaixo dos 2°C de aquecimento. Se continuarmos como estamos, vamos gastar esta “reserva” em 25 anos, em um ponto em que precisaremos inventar uma nova tecnologia pare capturar carbono, e assim nos prevenirmos de mudanças climáticas ainda mais radicais.
Para piorar essa situação, os Estados Unidos agora vão contar com uma administração que nega o aquecimento global, prometeu acabar com o acordo climático de Paris assim que possível, e que acena com a possibilidade de derrubar os planos de energias limpas propostos por Obama. Neste cenário, uma coisa é clara: os esforços para reduzir as emissões de carbonos devem continuar indo adiante, sem o apoio dos Estados Unidos — que talvez ficarão na oposição de tudo isso, inclusive.
[Earth System Science Data via Washington Post]
Foto do topo por Kishjar/Flickr CC