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Enquanto El Niño esquenta, “bolha fria” no Atlântico intriga cientistas

Grandes mudanças nos padrões climáticos podem estar relacionadas à formação da bolha fria no oceano

Bolha fria no oceano

Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Desde março deste ano, a ciência antecipou a chegada do fenômeno El Niño, que aquece os oceanos e, consequentemente, afeta o clima. Mas uma região de “bolha fria”, observada há cerca de dez anos no Atlântico Norte, está indo contra esse padrão.

Segundo a BBC, uma das teoria mais aceitas até hoje é que a anomalia se deve a uma desaceleração no sistema global de circulação oceânica AMOC (Atlantic Meridional Overturning Circulation), que pode colapsar nos próximos anos.

O sistema distribui frio, calor e precipitação entre a região do Atlântico Norte e os trópicos, carregando água quente para o norte e enviando água fria para o sul. Dessa forma, mantém o clima habitável nas latitudes médias do Atlântico Norte.

Entretanto, um estudo recente descobriu que grandes mudanças nos padrões climáticos podem influenciar na formação da bolha fria. Além disso, segundo os pesquisadores, a Oscilação do Atlântico Norte (NAO) também pode ter parte nessa anomalia.

O padrão de circulação atmosférica influencia no sopro dos ventos de oeste no oceano. Durante uma de suas fases, os ventos sobre o Atlântico Norte subpolar ficam mais fortes, causando resfriamento. Ainda de acordo com os pesquisadores, essa fase do NAO se tornou mais dominante no último século.

Como a bolha fria afeta o clima?

Alguns estudos indicam que a bolha fria pode influenciar na desaceleração do derretimento das geleiras na região, mas a co-autora da pesquisa, Laifang Li, discorda. Além disso, ela também não acredita que a bolha fria possa ajudar a diminuir a temperatura do planeta. Isso porque que ela cobre apenas uma parte da superfície do oceano.

“Não temos certeza de como a presença da bolha fria pode influenciar o gelo marinho do Ártico, porque a ligação entre a atmosfera, o oceano e a criosfera é um problema multifacetado que envolve processos que competem entre si”, explica.

Mas, como um fenômeno afetado pelas mudanças climáticas e pela localização, os cientistas pretendem acompanhar evolução da bolha, visto que ela está na região de formação de águas profundas, crítica para o AMOC.

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