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Fundador da MakerBot: impressão 3D e a “próxima Revolução Industrial”

Você pode fazer impressão 3D de praticamente qualquer coisa, de vestidos a um rosto humano. A impressão 3D está chegando às massas graças (em boa parte) ao MakerBot, que permite a qualquer pessoa com imaginação – e US$2.200 para um MakerBot Replicator – imprimir manifestações físicas de seus sonhos. A MakerBot foi uma das primeiras […]

Você pode fazer impressão 3D de praticamente qualquer coisa, de vestidos a um rosto humano. A impressão 3D está chegando às massas graças (em boa parte) ao MakerBot, que permite a qualquer pessoa com imaginação – e US$2.200 para um MakerBot Replicator – imprimir manifestações físicas de seus sonhos.

A MakerBot foi uma das primeiras empresas a trazer ao mercado uma impressora 3D acessível em relação às opções industriais, onde a maioria custa tanto quanto um carro.

Melhor ainda, a MakerBot criou uma comunidade em torno da impressão 3D: no Thingiverse, você pode encontrar designs para todo tipo de produto imprimível, como varas de pescar ou carros de brinquedo – são 80 mil itens diferentes.

A MakerBot ajudou a transformar a impressão 3D em algo que as pessoas usam para fazer coisas incríveis na ciência, saúde, tecnologia, ou mesmo para se divertir. Nós nos encontramos na Makerbot Store com o fundador da empresa, Bre Pettis, para conversar sobre o que torna a impressão 3D tão incrível e tão pertinente.


Gizmodo: Claro que impressoras 3D ficaram mais baratas, mas quando você acha que elas chegarão a um ponto em que serão suficientemente acessíveis para que todos possam ter uma em casa?

Bre Pettis: Bem, você tem um laptop? A maioria das pessoas têm. Quando elas chegaram ao ponto em que poderiam comprar um laptop? Quanto custou o seu? US$1.000. A menos que você tenha acrescentado algo, são cerca de mil dólares. Parte disso [preço alto do Makerbot] é porque… ele ainda é novo, sabe, apenas 20 mil pessoas estão no clube até agora ou pensando “oh em alguns anos eu vou precisar de um Makerbot novo”. Muitos de nossos clientes compram pela internet, então é uma experiência semelhante. Depois que você tem uma, você não consegue viver sem ela.

Gizmodo: Parece que vemos apenas um conjunto específico de pessoas se interessando em comprar um Makerbot. Você vê esta máquina como algo cada vez mais desejado por pessoas em geral?

Pettis: Por enquanto os Makerbots são usados por pessoas criativas. São pessoas que as compram de forma independente e constroem coisas bacanas, ou fazem pequenas empresas com elas. Nosso maior cliente é a NASA. Engenheiros, designers industriais, arquitetos? Quando eles veem um MakerBot e veem o que sai dele, e então descobrem o preço, eles simplesmente compram. Porque eles sabem que, se pagassem para alguém fabricar a mesma coisa, isto custaria centenas de dólares. Mas para eles mesmos fazerem, só lhe custa dólares. Então eles compram.

Na NASA, quando você precisa de um protótipo, você pode enviá-lo para ser feito por um serviço externo; se isto custar mais do que o MakerBot, eles compram um MakerBot para você. Por enquanto, ainda estamos num primeiro estágio em oferecer esta tecnologia de ponta para o consumidor, mas no mundo da indústria, as pessoas já estão lá. Eles veem o preço e sentem que precisam comprá-lo.

Gizmodo: Então como você combate esse desafio com pessoas normais?

Pettis: Um dos nossos maiores desafios é, na verdade, a educação e conscientização. Levar as pessoas a entenderem, antes de tudo, o que é uma impressora 3D – é uma máquina que faz coisas para você – e o que ela pode fazer por você – praticamente qualquer coisa que você queira, dentro de certos parâmetros. O desafio para nós é: estamos dedicados a criar uma infraestrutura para pessoas criativas, para elas fazerem qualquer coisa. E como parte disso, temos de educar as pessoas para que saibam o que é possível.

Gizmodo: Vamos falar um pouco sobre os materiais que você usa.

Pettis: Nós temos dois materiais que usamos – ABS e PLA. O ABS é um material semelhante ao termoplástico tradicional, é o material usado nos blocos de Lego. O PLA é a nossa nova coisa favorita. Ele mostra o que você pode fazer e como ele é flexível.

Gizmodo: É muito fácil fazer impressão 3D de armas. E isso causou um pouco de controvérsia, considerando que o design de várias armas de fogo – incluindo uma AR-15 – estavam disponíveis no Thingiverse. Elas já foram banidas. Como vocês lida com a reação negativa, se houve?

Pettis: Nós nos dedicamos à criação de ferramentas para as pessoas criativas fazerem coisas surpreendentes e positivas. E nós temos condições de serviço em nosso site que proíbem armas no Thingiverse, e depois que colocamos um botão lá em cima para avisar se algo é inadequado, todas as armas foram removidas porque violavam os termos de uso. Isso é apenas algo que acontece quando você tem um website. Você tem condições de uso e precisa descobrir como lidar com isso. Há tantas coisas criativas acontecendo agora; concentrar-se nisso agora é meio chato.

Gizmodo: Vamos falar sobre alguns dos projetos que mais empolgaram você.

Pettis: Nós temos um projeto incrível, o projeto RoboHands. São dois caras morando em lados opostos do mundo. Eles começaram e um deles queria fazer dedos artificiais para a mão dele – ele perdeu alguns dedos em um acidente. Então eles pensaram: crianças não usam próteses porque crescem muito rápido e às vezes a prótese custa US$10.000, mesmo que por apenas um dedo. Então, eles começaram a fazer substitutos – que eles chamaram de RoboHands – para crianças. Existe uma doença chamada síndrome da banda amniótica, que faz crianças nascerem sem dedos. Então a RoboHand lhes permite usar o movimento da mão para fechar os dedos robóticos. Assim, elas podem brincar de bola, fazer todo tipo de coisa bacana, como dar um aperto sua mão. Quando você vê esse tipo de coisa, bem, isso é a coisa mais poderosa do mundo.

O recurso mais empolgante acontecendo agora é o personalizador, em termos do que a comunidade está fazendo. Criamos uma ferramenta que permite às pessoas criarem ferramentas. Você pode entrar no Thingiverse e criar coisas que outras pessoas podem personalizar. Você pode criar uma pulseira e escolher o que escrever nela. Você pode colocar o seu nome, você pode torná-la um presente. Temos litofanias, e elas são muito legais: você faz o upload de uma imagem, e a transforma em algo que parece não ser nada – até que você segurá-la contra a luz e ver que há uma imagem impressa no objeto.

Gizmodo: O que torna o Makerbot importante?

Pettis: Nós estamos capacitando as pessoas para criarem suas próprias coisas. Para muitos que decidem ser designers, há desafios e dificuldades. Nosso objetivo é aproximar as pessoas de serem designers e construírem relações entre si. O personalizador permite que qualquer pessoa se torne um designer e personalize as coisas dos outros. Depois que você faz isso, ele liga um interruptor na sua cabeça que diz “se eu posso fazer aquilo, então eu posso fazer isto”. Ele dá às pessoas um primeiro passo para capacitá-las a criar coisas.

Quando começamos, éramos realmente os primeiros a lançar uma impressora 3D de baixo custo. Quando começamos, nós queríamos uma impressora 3D – só que ela custava uns US$ 100.000. Quando nós criamos o Makerbot, pensamos: “isso é legal todo mundo deveria ter um desses”. E então começamos uma empresa. Portanto, para nós trata-se de iniciar a próxima revolução industrial.

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