Você já teve uma crise de riso que chegou a deixar sua mandíbula doendo? Foi mais ou menos isso que aconteceu com mais de mil pessoas em 1962. A diferença é que o caso foi tão sério que as pessoas quase morreram. Acompanhe essa!
O caso curioso foi na Tanganica, onde atualmente fica a atual Tanzânia, na África, em 30 de janeiro de 1962. A crise começou com três garotas, e afetou 95 de 159 estudantes entre 12 e 18 anos de uma escola de missionários cristãos para meninas.
Os sintomas de riso persistiram por períodos que variavam de algumas horas até 16 dias, sendo que, em média, cada indivíduo passou 7 dias em “estado de riso”. Os professores não foram afetados, mas observaram que as alunas enfrentaram dificuldades para concentrar-se nas aulas. Isso levou ao fechamento da escola em 18 de março de 1962.
Após o encerramento da escola e o retorno das alunas para suas casas, a epidemia se espalhou para Nshamba, uma vila que abrigava várias meninas.
Em paralelo, dentre os sintomas relatados estavam risos, choros, inquietação generalizada, dores gerais, desmaios, dificuldades respiratórias e erupções cutâneas.
Durante esse período, a epidemia de risos também se espalhou para o colégio feminino de Ramashenye, próximo a Bukoba, afetando 48 meninas.
Entre seis e 18 meses após o início, o fenômeno finalmente desapareceu. Ao todo, cerca de 1.000 pessoas foram afetadas. Com isso, aproximadamente 14 escolas foram fechadas.
Foram relatados diversos sintomas Após o término da epidemia. Entre eles, dor, desmaios, flatulência, problemas respiratórios, erupções cutâneas, acessos de choro e gritos aleatórios.
Esse evento ficou registrado como um dos principais casos de histeria coletiva da história recente. Casos semelhantes ocorreram em Uganda em 1963, nas proximidades de Tanganica, com epidemias de corrida.
O que causou a crise de riso?
Ninguém sabe ao certo o que teria causado esta crise. Entre as hipóteses, a mais aceita é a do pesquisador Charles F. Hempelmann. O episódio pode ter sido induzido por estresse, explica.
Neste caso, importante considerar o contexto da época. Em 1962, a Tanganica tinha acabado de ganhar sua independência, e os estudantes relataram estar estressados por causa das expectativas mais altas dos professores e dos pais.
O sociólogo Robert Bartholomew e o psiquiatra Simon Wessely apresentaram uma hipótese de histeria epidêmica específica à cultura.
Segundo eles, existe a probabilidade de que a histeria fosse uma manifestação da dissonância cultural entre o “conservadorismo tradicional” em casa e as novas ideias desafiando essas crenças na escola, que eles denominaram “reações de conversão”.
Esses acontecimentos continuam sendo estudados até hoje como eventos significativos no campo da psicologia de massas e da psiquiatria.