Ciência

Equipe brasileira entrega primeiro sistema de óptica adaptativa produzido no Brasil

Feito inédito no país aprimora as capacidades de imageamento do telescópio conhecido como SOAR, localizado no Chile
Imagem: GMT - Giant Magellan Telescope

Texto: Agência FAPESP

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A equipe do Giant Magellan Telescope Brazil Office (GMTBrO) obteve sucesso na entrega do primeiro módulo de óptica adaptativa desenvolvido completamente no Brasil e nomeado SAMplus. O sistema representa um impulso tecnológico para o Southern Astrophysical Research Telescope, conhecido como SOAR e localizado em Cerro Pachón, no deserto do Atacama, no Chile.

Após a integração do módulo ao telescópio SOAR, os primeiros ensaios e testes com observação no céu foram feitos entre 21 e 27 de março deste ano. Agora, se o planejamento for seguido, o SAMplus deve ser comissionado antes do segundo semestre de 2024.

Óptica adaptativa é a correção do efeito das turbulências da atmosfera terrestre nas imagens dos objetos astronômicos, permitindo uma melhor nitidez. Isso ocorre após a luz ser coletada, mas antes de atingir os detectores dos instrumentos astronômicos instalados no telescópio.

Ao longo de seis anos, dentro do laboratório de óptica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), a equipe brasileira do Telescópio Gigante Magalhães (GMT, na sigla em inglês) – outro telescópio que está em construção no Chile e tem a participação de pesquisadores brasileiros – trabalhou na integração entre os componentes a serem substituídos no SOAR.

O GMTBrO desenvolveu o SAMplus, que é composto pelo equipamento do espelho deformável e seu acionador eletrônico, câmera do sensor de frente de onda e pela eletrônica de controle de tempo real, responsável pelos processos e cálculos.

A aquisição dos equipamentos ocorreu com apoio da FAPESP por meio do Projeto GMT-FAPESP, que faz parte do consórcio responsável pela construção do GMT.

Relação entre os telescópios

Os resultados alcançados vão além do SOAR, porque os megatelescópios terrestres, tal como o GMT, necessitam de um sistema de óptica adaptativa para otimizar sua grande área coletora de luz. No caso do GMT, o desenvolvimento do sistema ocorrerá quando ele já estiver em funcionamento.

Por meio dos conhecimentos adquiridos com o SAMplus, a equipe GMTBrO foi contratada para participar do desenvolvimento do sistema de óptica adaptativa do GMT.

“A conclusão com sucesso do SAMplus é motivo de extrema satisfação para nós, na medida em que nos permitiu o domínio de uma tecnologia sensível. Com esse projeto, a equipe brasileira do GMT demonstra mais uma vez sua capacidade para trabalhar na instrumentação desafiadora da próxima geração de telescópios gigantes”, disse à Assessoria de Imprensa do GMT Brasil o professor Laerte Sodré Jr., coordenador do Projeto GMT-FAPESP.

Origem do SAMplus

O SAMplus é um sistema de óptica adaptativa de camada de superfície (em inglês, Ground Layer Adaptive Optics) capaz de medir e corrigir as perturbações na camada mais próxima da superfície da Terra, cerca de 10 km, onde ocorre a maior parte das turbulências da atmosfera terrestre. Por isso, não corrige completamente o problema, mas permite cobrir todo o campo de visão do SOAR.

A idealização partiu do professor João Evangelista Steiner (1950-2020), do IAG-USP, em 2017, como usuário do SOAR, que manifestou preocupação com a interrupção das atividades do telescópio em caso de eventual falha de algum componente crítico do sistema de óptica adaptativa, em operação há mais de dez anos.

Ao longo do projeto, existiu o envolvimento de bolsistas de pós-doutorado e treinamento técnico, além de graduados em todos os níveis, profissionais colaboradores, professores do IAG e empresas especializadas em fabricação de optomecânica e software.

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