Ciência

Equipe com pesquisador brasileiro descobre estrela que solta fumaça

Cientistas monitoraram quase 1 bilhão de estrelas em luz infravermelha durante uma pesquisa de dez anos do céu noturno
Imagem: Philip Lucas/Universidade de Hertfordshire

Uma equipe internacional de cientistas, que inclui um pesquisador brasileiro, descobriu um novo tipo de astro. As estrelas, que foram apelidadas de “velhas fumantes”, foram avistadas pela primeira vez por astrônomos.

Os objetos misteriosos foram encontrados no coração da nossa galáxia, a Via Láctea. De acordo com cientistas, essas estrelas podem permanecer em espera durante décadas – desaparecendo quase até à invisibilidade – antes de subitamente expelirem nuvens de fumaça.

As descobertas foram descritas em um novo estudo publicado na revista mensal da Royal Astronomical Society. Assim, os pesquisadores disseram que suas descobertas podem mudar o que sabemos sobre a forma como os elementos são distribuídos no espaço.

Uma pista adicional sobre esta nova descoberta reside na localização destas estrelas gigantes em declínio. Elas estão fortemente concentradas na parte mais interna da Via Láctea, conhecida como Disco Nuclear. Esta é uma região onde as estrelas tendem a ser mais ricas em elementos pesados do que em qualquer outro lugar.

Assim, isto deve tornar mais fácil a condensação de partículas de poeira a partir do gás nas camadas externas relativamente frias das estrelas gigantes vermelhas. No entanto, como isso leva à ejeção das nuvens de fumaça densa que a equipe observou permanece um mistério.

Como a pesquisa que encontrou as estrelas foi feita

Os cientistas monitoraram quase 1 bilhão de estrelas em luz infravermelha durante uma pesquisa de dez anos do céu noturno. Roberto Saito, professor do departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), participou do estudo.

“É sempre fascinante se deparar com o desconhecido e tentar entender o que está sendo observado. Estes resultados demonstram que ainda há muito a ser descoberto em nosso lar no Universo, a Via Láctea”, disse Saito em um comunicado.

Além dele, integraram o grupo astrônomos do Reino Unido, Chile, Coreia do Sul, Alemanha e Itália. O estudo foi liderado pelo professor Philip Lucas, da Universidade de Hertfordshire.

A pesquisa foi feita com a ajuda do Visible and Infrared Survey Telescope (Vista) – construído no alto dos Andes chilenos, no Observatório Cerro Paranal, que é parte do Observatório Europeu do Sul (ESO).

A princípio, o projeto complementar encerrou as observações em 2023, com o monitoramento de quase 2 bilhões de fontes, metade destas ainda não analisadas. Assim, isso abre espaço para que novas pesquisas sejam feitas no futuro.

“É um trabalho de data mining [mineração de dados] que certamente levará a mais descobertas interessantes”, prevê Saito.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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