Ciência

Escorpião-imperador: um dos maiores escorpiões do mundo, ele tem temperamento dócil e veneno não letal para o ser humano

Original do oeste da África, o Pandinus imperator é quase cego e usa de seus pelos para enxergar e caçar
Fotos: José Felipe Batista/Comunicação Butantan

Reportagem: Guilherme Castro/ Instituto Butantan

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Descrito em 1841, o escorpião-imperador é um dos maiores escorpiões do mundo. Quem encontra um desses por aí tem a impressão de que se trata de um bicho ameaçador, dado seu ferrão e pinças enormes – mas ele se diferencia dos companheiros escorpiões por ter um comportamento dócil e tranquilo. O nome imponente, em contraste com o temperamento pacato, tem muito a ver com seu tamanho, que pode chegar a 20 cm de comprimento.

Natural da África Ocidental, o imperador não é tão perigoso para o homem — seu veneno não consegue causar dano permanente a humanos. A dor, por outro lado, consegue ser intensa por conta do tamanho do ferrão. Uma característica curiosa deste animal é que ele é quase cego, mas os seus pelos e os “pentes” que possui na parte de baixo do corpo o ajudam a enxergar “sensorialmente”.

Diferente do que alguns filmes de ficção apresentam, esses bichos não vivem em grandes desertos – na verdade, o escorpião-imperador prefere ambientes de mata úmida e savanas. No habitat natural, seu alimento preferido são animais miúdos, como insetos e lagartos, ainda que sua grande pinça permita que ele cace até invertebrados de pequeno porte, como anfíbios, répteis e até ratos.

Um escorpião dessa espécie leva 2 anos e meio para ficar adulto e pode ter de 19 a 42 filhotes por cria, em gestações que duram de 7 a 15 meses. Eles vivem em média 8 anos na natureza, mas podem chegar a 20 em cativeiro.

É um animal mais solitário, que tende a proteger seu território e só ataca quando ameaçado. Apesar de poder viver recluso em buracos, também pode ser encontrado em pequenas “colônias”, principalmente quando jovem.

Na época de reprodução, os machos fazem uma espécie de “dança de acasalamento” para chamar a atenção da fêmea. Durante a cópula, o macho usa um órgão chamado espermatóforo para inserir o sêmen e, assim, fecundar a companheira.

Os filhotes se desenvolvem dentro do corpo da fêmea e, quando saem, ficam alocados nas costas da mãe por duas semanas. Durante esse tempo, começam a trocar de pele. A mudança de exoesqueleto é o marco que determina a dispersão dos filhotes: a partir daí, eles já podem viver independentemente.

Um aspecto comum de muitas espécies de escorpião e que se repete no imperador é a presença de substâncias no exoesqueleto — mucopolissacarídeos e lipoproteínas — que fazem com que a região fique fluorescente em caso de incidência de luz ultravioleta no escuro. Essa característica não tem nada a ver com a bioluminescência natural de animais como o vaga-lume, e a função dessa diferenciação ainda precisa ser esmiuçada em estudos científicos.

A comercialização desses animais é estritamente proibida no Brasil e a presença ilegal deles no país pode causar sérios problemas ecológicos, já que se trata de um bicho oportunista — que se adapta facilmente aos ambientes. Se um escorpião-imperador for solto nas matas brasileiras, pode causar graves desequilíbrios ambientais.

ESCORPIÃO-IMPERADOR 

Espécie: Pandinus imperator, da família Scorpionidae e do gênero Pandinus

Onde habita: florestas úmidas e savanas da África Ocidental

Características físicas: de corpo preto, pode chegar a 20 cm de comprimento, tem grande ferrão e pinças

Alimentação: se alimenta de animais pequenos, como lagartixas e insetos, mas sua grande pinça pode capturar até ratos miúdos

Curiosidades: é um dos maiores escorpiões do mundo, mas seu veneno é de baixa toxicidade para humanos e tem temperamento tranquilo. Ele brilha no escuro caso esteja sob luz ultravioleta e, por ser quase cego, utiliza seus pelos e pentes como órgão sensorial

Você pode conhecer este e uma variedade de outros animais no Museu Biológico do Parque da Ciência Butantan.

Este texto foi produzido com a colaboração da bióloga Denise Candido, do Biotério de Artrópodes do Instituto Butantan, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

 

Fotos: José Felipe Batista/Comunicação Butantan

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