Uma mulher deu à luz um bebê após um transplante de útero pela primeira vez. Na semana passada, a Universidade do Alabama em Birmingham (UAB), nos Estados Unidos, anunciou o parto bem-sucedido, que foi realizado em maio. Mãe e filho estão saudáveis.
Mallory, que preferiu não divulgar o sobrenome, teve seus resultados comemorados pela equipe médica. Todo o processo, desde o transplante de útero de uma doadora falecida até o parto por cesariana, durou cerca de 18 meses.
“Este nascimento é uma evidência que nos assegura que esta tecnologia emergente – esta terapia inovadora –, que é necessária há tanto tempo, realmente, realmente funciona”, disse Paige Porrett, diretora do Comprehensive Transplant Institute, da UAB. “Mallory e Nick conseguiram isso, e eu simplesmente não poderia estar mais feliz por eles”, celebrou em comunicado.
Assim como outras pacientes do programa, Mallory passou pelos cuidados com monitoramento contínuo, desde o transplante até a implantação do embrião no útero transplantado. Ao confirmar a gravidez, ela permaneceu sob cuidados especializados de obstetras até o parto programado.
No Brasil, a técnica já havia sido utilizada por médicos brasileiros do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, em 2017. Conforme a UAB, a infertilidade do fator uterino pode afetar até 5% de mulheres em idade reprodutiva.
“Nosso objetivo e sonho para este programa é tornar esta rotina para mulheres que querem vivenciar a gravidez e o parto, mas não podem por diversos motivos de saúde”, disse Anupam Agarwal, vice-presidente da UAB e reitor da Escola de Medicina Heersink.
Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser
Aos 17 anos, a mãe da criança foi diagnosticada com a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser. A condição é rara e a fez nascer sem útero. A primeira filha de Mallory foi fruto de barriga de aluguel, com a ajuda da irmã.
“Eu entendi que ‘ok, não poderei carregar meus próprios filhos’; mas, para mim, sempre parecia que faltava algo”, relatou em comunicado da UAB.
Mallory buscou o programa de transplante de útero da Universidade do Alabama em Birmingham, que é um dos quatro nos EUA e o primeiro a ser aberto a pacientes fora dos ensaios clínicos. Então, ela recebeu o útero de uma doadora falecida e se mudou para Birmingham para passar pelo procedimento, que foi um sucesso.