Arqueólogos da França encontraram um objeto inesperado em uma antiga pedreira romana: uma estátua da deusa Vênus anadiomene (que surge do mar). Ela está nua e com a mão direita na cabeça, como se estivesse torcendo os cabelos depois de sair da água.
O artefato, que parece ter sido esculpido há 1,8 mil anos, sobreviveu à ação do tempo mesmo quando a pedreira romana se transformou no aterro sanitário da cidade francesa de Rennes, ao noroeste do país. Os romanos fundaram o local no século 1, quando a chamaram de Condate Riedonum.
A estátua foi descoberta junto com outros objetos, como o fragmento do que parece ser uma Vênus genetrix (deusa-mãe). Também havia um forno para fazer tijolos, potes, pratos, moedas e alfinetes de roupas, disseram os arqueólogos do Inrap (Instituto Nacional de Pesquisa Arqueológica Preventiva da França), responsáveis pela descoberta.
Vênus era uma representação importante do período romano. Ao longo do tempo, transformou-se em um ícone associado aos imperadores, que muitas vezes a usavam para simbolizar o poder romano.
Esse poder se mostra na pedreira onde os arqueólogos encontraram as estátuas. Ali, os romanos extraíam xisto, minério usado com frequência na construção civil para construir suas casas e edifícios públicos – o que explica a demanda de várias delas.
Virou lixão
No século 2, depois de extraírem tudo o que podiam, os romanos abandonaram a pedreira. Como consequência, a população que morava por perto a transformou em um grande depósito de lixo a céu aberto.
Entre os séculos 14 e 15, a pedreira já se transformara em um grande aterro sanitário. Mesmo assim, arqueólogos encontraram vestígios de construções de madeira, fornos e poços no local. Isso sugere que a área serviu para a produção de artesanato em algum momento da história.
Os pesquisadores também identificaram o que parece ser um encanamento subterrâneo do século 17 que passa por baixo do local. A principal hipótese é que os canos ligam um conhecimento internato para meninas com o fornecimento de água de Rennes.
Além dos objetos, a pedreira de Rennes também pode mostrar como eram os métodos de extração de rochas e como a população organizou e gerenciou o local durante o crescimento da cidade do Império Romano.