David Bowie viverá para sempre no alcance exterior de nosso sistema solar. Desde o ano passado, uma pedra de um cinturão de asteroide foi batizada com seu nome — um tributo à altura da loucura e brilhantismo dele como artista.
Nós, simples humanos, somos criaturas depressivamente finitas e com alguns arroubos de criatividade na vasta entropia de nosso universo. Ainda assim nossa energia possa viver para sempre na história, em tributos astronômicos e nas radiações eletromagnéticas das gerações passadas.
As obras de Bowie estão englobadas dentro da bolha em expansão de transmissão ecoando da Terra para o resto do sistema solar. Todas as pedras, estrelas, poeira e gelo entre nós e 46 anos-luz conhecem o assombrado lamento presente em “Space Oddity”, enquanto Iota Persei (que dista 34 anos-luz da Terra) deve esperar pelo menos mais um ano para aprender “Modern Love”. Capella (que dista 42 anos-luz da Terra) passou o último ano curtindo “Rock’n’Roll Suicide”, e deve curtir em breve “Panic in Detroit”. Nossa vizinha mais próximo, a Alpha Centauri, não conhecerá o legado de Bowie até a próxima década.
Seu legado na música continuará crescendo e se espalhando pelo espaço ano-luz por ano-luz. Quando a estrela 51 pegasi (que dista 50 anos-luz da Terra) conhecer a febre Bowie, o músico já terá 50 anos de influência cultural em nosso planeta.
Enquanto espera para se juntar a “Gabby” Panihui, John Lennon, Hector Berlioz e Enrico Caruso no planeta mais próximo do Sol, Bowie já terá outra pedra no espaço. Fora do principal cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, gravita o asteroide 342843, também conhecido como Davidbowie.
O 342843 Davidbowie ganhou este nome em 5 de janeiro de 2015. Trata-se de uma pequena fatia de pedra com uma magnitude absoluta de 17.1, que só é possível visualizar com um telescópio profissional. Embora tenha sido observado pela primeira vez em 2003, não foi reconhecido como uma nova descoberta até 2008. Sua órbita é um pouco excêntrica, e ele faz seus movimentos em um ritmo próprio: o asteroide leva 4,5 anos para contornar o Sol. No Hemisfério Sul, você pode dar um tchauzinho para o asteroide Davidbowie, que fica no espaço entre as constelações de Sagitário e Escorpião.
Adeus, Starman. Você nunca será esquecido.
[JPL]
Imagem do topo: A Terra e a Via Láctea vista da Estação Espacial Internacional. Crédito: NASA/Scott Kelly.