Estudantes da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, construíram um robô com peças de Lego que pode acelerar a construção de materiais com DNA em escala nanoscópica (uma técnica chamada “DNA origami”).
O aparelho é um mixer de gradiente: isso quer dizer ele segura, inclina e gira rapidamente tubos de laboratório para misturar o líquido contido neles. O objetivo do robô é criar, dentro dos tubos, um líquido com densidade que diminui de maneira uniforme, de baixo para cima.
O robô seria uma alternativa barata e acessível para os cientistas trabalharem com “DNA origami”: uma técnica que dobra longos filamentos de DNA para criar estruturas semelhantes a andaimes, que mantêm outras moléculas no lugar – e servem de base para outras nanoestruturas.
A técnica aparece em trabalhos de áreas como engenharia molecular e biofísica, e tem diversas aplicações em potencial, como a condução de medicamentos pelo organismo. Mas uma etapa importante é a purificação desse material – a retirada de moléculas que estejam sobrando por ali.
Os pesquisadores explicam no estudo recém-publicado que um dos métodos para purificação usa um “gradiente de densidade linear de meios viscosos, como glicerol ou sacarose, para separar moléculas de acordo com sua massa e forma” – mas que criar tais gradientes pode ser demorado e demanda máquinas caras.
Daí a vantagem do robô de Lego, que criou o gradiente de densidade necessário para os experimentos da equipe em apenas 1 minuto.
A equipe responsável afirma que o custo de construção do robô é de US$ 350 – enquanto os dispositivos convencionais para fazer esse procedimento custam de US$ 500 a 5 mil. O design do robô seria uma versão menor e mais rápida dos aparelhos tradicionais.
Quase todas as peças do robô – das engrenagens aos dois motores – vêm de kits de peças Lego. A exceção é o suporte dos tubos de laboratório (indicado com o número 1 na imagem que abre este texto). Os pesquisadores fizeram esta peça específica com uma impressora 3D.
Rizal Hariadi, professora da Universidade do Estado do Arizona, afirma que o trabalho começou como um projeto final em um curso de laboratório de graduação. O estudo que descreve o robô foi publicado na última quarta (19) na revista científica PLOS One.