Estudo alemão transforma urina humana em fertilizante ecológico
Se você pudesse usar sua própria urina para cuidar de suas plantas, você faria? Calma, não estamos falando do líquido original coletado. Na verdade, ele passaria por um processo de purificação, sobrando apenas os nutrientes que auxiliam na agricultura.
Pode parecer uma medida peculiar, mas cientistas da Universidade de Hohenheim, na cidade de Stuttgart, na Alemanha, mostraram que tanto a urina quanto as fezes humanas podem ser utilizadas de maneira sustentável e segura como fertilizantes. O estudo completo foi publicado na revista Frontiers in Environmental Science.
A urina é rica em nitrogênio e potássio, e também contém vestígios de metais como boro, zinco e ferro. As fezes, por sua vez, podem fornecer outros nutrientes, como fósforo, cálcio, magnésio ou carbono orgânico.
Os cientistas testaram o fertilizante em repolhos brancos cultivados em três tipos de solo: arenoso, argiloso ou siltoso (intermediário entre a areia e a argila). Então, foram aplicados diferentes fertilizantes reciclados, que teriam o desempenho comparado com a vinhaça orgânica disponível comercialmente.
Ao final, a equipe notou que o rendimento de repolhos cultivados em solos fornecidos com dois dos fertilizantes nitrificados modernos de urina reciclada é aproximadamente igual ao rendimento quando os solos são fertilizados com vinhaça comercial.
Um desses fertilizantes recebe o nome de Aurin. Ele foi recentemente aprovado para uso na agricultura humana na Suíça, Liechtenstein e Áustria. O segundo foi o CROP, desenvolvido por cientistas do Centro Aeroespacial Alemão, mas ainda não aprovado.
Aurin já passa por um processo de filtração para eliminação de possíveis patógenos, enquanto cientistas ainda estão desenvolvendo um processo de fabricação ideal para o CROP. Por conta disso, a equipe de cientistas utilizou fertilizante CROP derivado de urina sintética estéril para este estudo.
Os fertilizantes foram testados sozinhos e também combinados a compostos fecais reciclados de banheiros secos. Segundo os cientistas, o rendimento de repolhos que poderiam ser comercializados aumentou quando usados os produtos combinados, mostrando que a iniciativa pode ser produtiva para os agricultores.