Eu estranho toda vez que vejo meu filho adolescente digitar. Eu ainda coloco obedientemente oito dedos na fileira central do teclado, enquanto ele usa apenas os dois dedos indicadores. Incrivelmente, no entanto, isso funciona para ele: os dedos voam pelo teclado com rapidez e precisão.
Um novo estudo da Universidade de Aalto (Finlândia) sugere que, de fato, não é o número de dedos no teclado que importa durante a digitação – e sim como os usamos.
“Ficamos surpresos ao observar que pessoas com treinamento em digitação tinham velocidade média e precisão semelhantes àquelas que aprenderam a digitar sozinhas, e que usavam apenas seis dedos em média”, disse a coautora do estudo, Anna Maria Feit, em um comunicado.
A equipe de Feit recrutou 30 voluntários de várias idades e habilidades de digitação e, em seguida, gravou seus estilos individuais com um sistema de captura óptica de movimento. Uma dúzia de câmeras infravermelho de alta velocidade rastrearam 52 marcadores colocados nas mãos e nos dedos dos participantes.
Isto permitiu que os pesquisadores medissem a velocidade e precisão de seus estilos de digitação individuais. E para ter uma noção visual de pontos comuns de digitação, os pesquisadores criaram mapas dedo-tecla.
A maioria dos participantes usava as mãos de forma diferente. Alguns tinham comportamentos peculiares de digitação, como usar a tecla Caps Lock em vez de Shift, ou bater na barra de espaço com ambos os polegares.
Ainda assim, a análise revelou quatro grupos de movimentos com a mão esquerda, e seis grupos com a mão direita – eles estão organizados na imagem abaixo:
Há quem digite com o indicador; quem prefira usar o dedo do meio; e há as pessoas treinadas em datilografia de toque, que usam todos os dedos.
Mas Feit nota que “o número de dedos usados não afeta a velocidade de digitação. Você pode usar apenas um ou dois dedos por mão e ainda assim digitar muito rápido”.
A imagem acima mostra que uma das pessoas digitava apenas com o dedo indicador e atingiu 75 PPM (palavras por minuto); enquanto isso, uma pessoa usando digitação de toque – com todos os dedos – chegou a 74 PPM.
Isto sugere que outros fatores estão em jogo. Por exemplo, digitadores rápidos mantinham as mãos em uma posição fixa, em vez de movê-las sobre o teclado. Eles também usavam o mesmo dedo para a mesma letra praticamente o tempo todo.
Repare, no entanto, que um método de digitar é consistentemente lento: usar apenas o dedo do meio para pressionar as teclas. Se você quer digitar mais rápido, melhor não fazer isso! (Para testar sua velocidade de digitação, visite este link.)
Antigamente, a maioria dos datilógrafos eram treinados para usar todos os dedos da mão. Hoje em dia, essa é uma preocupação menor, levando a diversos tipos de estilos autodidatas de digitação. Como mostra o estudo, a nossa falta de treinamento formal – e nossa resistência em usar todos os dez dedos – não significa que não viramos datilógrafos proficientes.
Mas os pesquisadores observam que datilógrafos treinados têm uma vantagem sobre quem usa apenas um dos dedos. Os voluntários usaram um rastreador de olhos no estudo, e pessoas não-treinadas gastavam o dobro do tempo olhando para os dedos em vez da tela, afetando a capacidade de realizar tarefas complexas de edição.
Desenvolvedores podem usar esta pesquisa para criar interfaces de usuário melhores, tanto no software como nos teclados em si. As interfaces devem ser adaptadas para a nossa forma atual de digitar, não para como nos treinavam no passado. [Universidade de Aalto]
Imagens: Universidade de Aalto e Sebastian/Flickr