Eu fui a um show e usei o Bloom para pagar a minha conta
O Bloom é um projeto brasileiro que quer melhorar a nossa vida em shows, baladas, festas e demais eventos desse tipo. Ontem foi sua estreia, num evento próprio da empresa, o Bloom Experience. E sim, ele se saiu bem.
Nós já falamos sobre o Bloom há alguns meses, mas podemos resumir a ideia assim: é um projeto que pretende usar NFC (ou Bluetooth Low Energy) para facilitar a vida do público. O sistema trabalha com venda de ingressos, créditos para substituir fichas do bar e redes sociais, reunindo tudo numa tag digital, que pode ser o smartphone do usuário ou um cartão parecido com o crachá. Ele também tem uma base circular iluminada bem bonita para fazer as identificações, conexões e tudo mais. E como isso funciona na vida real? Pois bem, ontem foi assim.
Para o público
A venda de ingressos para a Bloom Experience era feita pelo site da plataforma. Você faz um cadastro básico (nome, CPF, email e senha), conecta (ou não) suas redes sociais e compra os ingressos e créditos para o bar pelo site, pagando pelo PayPal. Ponto bom: não tinha a famosa taxa de conveniência — ao contrário, era mais barato comprar no site que na bilheteria. Ponto ruim: como alguém reclamou na página do evento, ainda não dá para comprar mais de um ingresso de uma vez, então se você quer levar uma pessoa com você, ela mesma tem que entrar no site e comprar. Esperamos que isso seja implementado em breve.
Chegando na porta do local, eles me pediram um documento com foto e, confirmada minha identidade, me entregaram um cartão com uma tag NFC que foi ativado usando um smartphone. No futuro, esse passo poderá ser dispensado, usando o app do Bloom no seu próprio aparelho do usuário, mas como o tal do aplicativo ainda não chegou à App Store ou à Play Store, vamos de cartão mesmo — uma pena, eu já tinha até deixado o NFC ligado para usar nas bases e zás e, bem, deixa pra lá.
Para entrar, passei o cartão na base circular do Bloom, que brilhou quase na cor que eu tinha escolhido ao criar o perfil. Acho que isso foi erro no navegador, que não se entendeu com o sistema e mostrou várias cores mescladas, mas ok, esse vermelho estava lá, sou eu mesmo.
Entrei na Audio Club ainda vazia, e o que mais me chamou a atenção foram as bases e suas conexões sociais. Tinha uma para fazer check-in no Foursquare e Facebook e outra, acoplada a uma TV e a uma câmera DSLR, para você tirar uma selfie (ainda é uma selfie se você não está segurando a câmera?) com a sua galera. Infelizmente, eu não tinha conectado meu perfil no Bloom às minhas contas em redes sociais — sou chato e sempre tenho uma cisma de que essas coisas vão sair postando nas minhas redes sem meu controle — então não pude testar isso.
Uma outra base estava na chapelaria. Fui até lá deixar minha bolsa, o funcionário pediu para passar o cartão e, ops, não identificado. Outro funcionário veio, pegou o phablet pendurado no pescoço, passou meu cartão e bem, agora sim, apareceu na tela meu nome e dizendo que eu tinha direito a um lugar na estante. Aí foi o primeiro momento de “epa, chegamos no futuro”: entreguei a bolsa e fiquei esperando feito bobo um cartãozinho com o número, como é de praxe, mas… não, não precisa. O Bloom registra também dados da chapelaria. Que mágico.
Pois bem, o fato é que, tirando a base da entrada, as duas das redes sociais e a da chapelaria, tudo é feito mesmo pelos phablets pendurados no pescoço dos funcionários. O caixa e o bar operavam assim. Eu já tinha colocado créditos antecipadamente, usando o PayPal, mas parece que isso não teve tanta adesão por parte do público e uma pequena fila se formou no caixa — nada fora do normal, entretanto.
No bar, era tudo bem fácil: pede a bebida, o barman usa o aparelho dele para validar seu cartão e marcar o que seu pedido e pronto, bebida e cartão entregues, vá lá curtir a noite, meu filho. Mas fiquei curioso para saber como seria esta dinâmica caso estivesse usando o app no meu smartphone: eu ia ter que entregar meu aparelho? O barman não vai se enrolar pegando o celular de todo mundo, toda hora?
Para as casas e marcas
As pessoas da produção com quem conversei contaram que a ideia é expandir o uso do Bloom nas áreas de marcas e redes sociais. Os exemplos que me deram dão uma boa ideia das possibilidades: o Bloom poderia colocar uma máquina de refrigerante na casa e, ao pegar sua latinha gelada, você curte automaticamente a página da marca no Facebook. Ou então, duas bases podem ser colocadas lado a lado e duas pessoas podem passar seus smartphones ou cartões e se tornarem amigas no Facebook.
A conexão com as redes também vai servir para as casas, que vão poder ver, por exemplo, o que as pessoas que frequentam o lugar curtem no Facebook. O “big data” do Bloom para as casas vai além disso e inclui também um monte de outras informações, como horários de entrada e saída, itens mais pedidos no bar, entre outros.
Sim, isso pode assustar os mais preocupados com questões de privacidade, mas a conexão com redes sociais não é obrigatória. Aliás, nem mesmo o app, quando lançado, vai ser obrigatório: você ainda vai poder pegar um cartão na entrada do evento. Os smartphones de baterias curtas agradecem.
Invisível
Eu estou falando tanto do Bloom, mas preciso dizer que ele não foi o meu foco ontem à noite. Eu esqueci dele por vários momentos, durante os (bons) shows do Jaloo e La Femme. Como não tinha conectado minhas redes sociais, não pude participar da parte que seria mais, digamos, divertida, que eram as fotos e o check-in, mas outras pessoas parecem ter gostado dessas ideias. Claro, muita gente ainda preferiu a selfie no seu smartphone ou pedir para o fotógrafo da casa tirar uma foto da galera.
Mas a grande vitória do Bloom, para mim, foi esta invisibilidade. Ele pode ser muito bem um sistema (ou projeto, ou plataforma, enfim) facilitador. Eu não precisei me preocupar com imprimir ou retirar meu ingresso (e esta foi uma conveniência sem taxas). Eu não precisei comprar fichas no caixa, nem gastar todas as fichas, pois o que você coloca de crédito permanece na sua conta para outros eventos. Eu não precisei ficar com medo de perder a comanda.
Ok, era um lugar pequeno, com algo em torno de 200 pessoas, chutando alto, e ainda acho que num evento maior poderíamos sentir melhor a real utilidade da plataforma. Mas ele se saiu muito bem como um sistema para tocar o básico da casa. Por mais que as funções sociais pareçam legais, o Bloom pode muito bem servir apenas para quem quer se divertir com a festa ou show em si, sem se irritar ou sofrer com ingressos, filas, fichas e comandas.