Eu não consigo parar de comprar teclados ridículos

Tudo começou quando eu tive síndrome do túnel do carpo e precisei de um teclado ergonômico vertical. Desde lá, não consegui parar de acumular teclados ridículos.

Seu teclado é chato — completamente prático, funcional, útil de verdade, mas também é feio, chato e estúpido. Você só não sabia disso até agora. Eu aprendi sobre teclados chatos quando ainda estava na faculdade, quando um caso desagradável da síndrome do túnel do carpo ameaçou silenciar meus dedos para sempre. Então, um dia, meu pai me emprestou um teclado vertical ridículo que mudou a maneira como eu penso a digitação. Agora não paro de colecionar teclados excêntricos.

Teclado ergonômico SafeType

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Sim, eu culpo meu pai por minha obsessão. Quando meus pulsos voltaram à atividade, ele trouxe para casa o teclado SafeType: uma máquina de escrever vertical e pesada que ele estava usando no trabalho para evitar a cirurgia do túnel do carpo. É grande, tem espelhos retrovisores e parece um desastre completo — mas a curva de aprendizado é absurdamente plana. É basicamente apenas um teclado QWERTY normal, mas virado de lado. Se você consegue digitar sem olhar para suas mãos, você pode usar o SafeType, e vale a pena. Eu mudei para esta engenhoca vertical quase em tempo integral (é um lixo para jogos, claro) e minha dor no pulso foi embora.

Eu não uso o SafeType apenas para alívio físico — de alguma forma, também acho que é mais divertido do que um teclado normal. Ele me faz sentir que estou voando numa nave espacial, e eu consigo sentir um prazer pervertido a cada vez que percebo os olhares confusos e ofendidos que recebo de colegas de trabalho. Em algum ponto, usar este teclado deixou de ser uma questão de ergonomia e tornou-se um exercício em ridículo de auto-indulgência. Não demorou muito para eu encontrar algo ainda mais absurdo.

O AlphaGrip iGrip

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Pare de rir — é mais impressionante do que parece. Ok, não, não é, mas eu ainda o amo. O AlphaGrip é como um gamepad, mas com os botões do teclado cobrindo toda sua superfície, até mesmo na parte de trás. Me deparei com isso enquanto procurava por um controlador de jogos de PC para minha sala de estar, e bastou um olhar para eu sacar que provavelmente seria o pior gamepad que usaria na minha vida. Mas eu precisava tê-lo, mesmo assim.

Levei meses para pegar o iGrip (havia uma lista de espera para o próximo lote), tempo que eu passei justificando a compra ridícula. Me agarrei à vã esperança de que realmente pudesse jogar alguns jogos com ele, e disse para mim mesmo que era um interesse acadêmico: um teste para ver se o padrão QWERTY poderia ser superado por algo mais “inovador”. Eram mentiras ruins — eu simplesmente não pude resistir a brincar com um teclado ainda mais estranho do que o meu SafeType.

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O iGrip chegou em uma caixa marrom clara com um manual de instruções e dois adesivos, cada um deles detalhando o lamaçal de botões na parte traseira do painel. Era quase como se o controle estivesse admitindo a derrota. “Sim”, disseram, “nós sabemos exatamente como essa coisa é zoada.”

Demorei para aprender o bizarro layout do AlphaGrip, mas finalmente eu era capaz de digitar em cerca de metade da minha velocidade normal. Adorei o desafio, mas não fiquei rápido o suficiente para usar o aparelho como meu teclado principal. Mesmo em dias de trabalho leve, eu me pego procurando um mouse normal — o minúsculo trackball do iGrip prende demais. Ainda assim, não deixo de ficar feliz por ter botões que forçam meus polegares a fazer mais mais do que apenas bater na barra de espaço. Ainda não sei por que o comprei, mas pego sempre que preciso ser lembrado de que eu sou capaz de realizar tarefas aparentemente impossíveis. Sempre fico surpreso com o quão bem eu lembro seu layout, também.

AlphaSmart Neo

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O AlphaGrip era quase portátil, e me fez pensar sobre como seria ter um teclado que eu pudesse usar para digitar em qualquer lugar — mesmo se não tiver um computador. Logo me ocorreu uma idéia: uma máquina de escrever moderna, digital, com bateria aparentemente interminável e quase sem recursos, exceto, claro, entrada de texto. Passei semanas tentando construir uma usando um velho leitor eletrônico Nook e um teclado USB (falhei miseravelmente), quando eu descobri isso já existia. Eis o AlphaSmart Neo.

O Neo é o teclado mais simples da minha coleção, mas é meu favorito. É pouco mais do que um teclado básico, uma tela de LCD e um processador de texto. Não há recursos sem fio, o armazenamento é muito pequeno e roda apenas os aplicativos mais básicos: uma calculadora, um “quiz” (para uso em salas de aula, mercado-alvo do dispositivo) e um dicionário. Isso é tudo. Então, qual é o ponto? A bateria: ao contrário dos meus laptops, o AlphaSmart Neo dura para sempre. Falam em mais de 700 horas de uso constante, e eu li que alguns usuários foram capazes de usar as mesmas baterias por quase dois anos. É algo que mantenho ao lado do sofá para quando a inspiração bate, ou jogo na minha bolsa para escrever algumas palavras durante um vôo especialmente longo.

Então agora, você provavelmente está se perguntando: como o blogueiro Sean Buckley não foi demitido sendo que seu teclado favorito não tem uma conexão com a internet? Ah, mas esta é a melhor parte:

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Qualquer dia, qualquer lugar, e eu posso tirar essa coisa da mochila das minhas costas, e poderei escrever tão eficientemente como se estivesse em casa. É a melhor ferramenta para a escrita sem distrações.

O Keyboard.io

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Eu pensava que já tinha terminado com todas as possibilidades de teclados pouco convencionais, mas então eu passei pelo o Keyboard.io no TechCrunch Disrupt no ano passado. Esta máquina de escrever em forma de borboleta ainda está em desenvolvimento, mas incorpora um monte de coisas que gosto, incluindo um layout mais centrado no polegar, a capacidade de se transformar em um teclado parcialmente vertical e, surpreendentemente, a capacidade de controlar o mouse do seu PC sem tirar as mãos da teclas alfabéticas.

Pressionando o botão “função” que fica sob a palma de usuários ativa uma série de teclas de atalho que colocam o cursor em diferentes quadrantes da tela e liga o controle manual através das teclas WASD. É bem pomposo (e provavelmente pior do que imagino que ele seja), mas é uma novidade que me agrada em todos os aspectos. Minha carteira teme o dia que esta borboleta abrir um crowdfunding.

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Até mesmo minha coleção tem seus limites, porém: esse painel de controle de estação especial aí em cima é o teclado DataHand, um ambicioso dispositivo ergonômico que coloca cinco teclas a poucos milímetros de cada dedo. Ele parece saído de algum filme, mas é demais até para mim — de alguma forma, parece muito entediante. Sim, eu sei como isso parece imbecil vindo de um cara que é dono de um iGrip.

Ok, talvez eu tenha um problema —talvez— mas pelo menos não estou sozinho. Minha obsessão por encontrar teclados ousados, estranhos e únicos acabou me levando ao GeekHack: um fórum cheio de dedicados entusiastas de teclado que envergonha meus escrúpulos. Esta é uma comunidade com um vasto conhecimento de design de teclas, resistência de alavancas e layouts alternativos. Também é uma Meca criativa do design de teclado alternativo: o Keyboard.io nasceu lá, bem como dezenas de equipamentos personalizados. Se você compartilha minha obsessão ou simplesmente curte uma esquisitice, deveria ir lá dar uma olhada.

Não compartilha da minha obsessão? Tudo bem. Aproveite seu retângulo chato e eficiente.

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