Apesar de parecer uma preocupação recente, já nos anos 60 os pesquisadores dos EUA alertavam para os riscos das mudanças climáticas. É o que mostra uma pesquisa que será publicada na revista científica Ecology Law Quarterly.
Segundo o artigo, os norte-americanos estavam cientes das mudanças climáticas há mais de meio século. Naomi Oreskes, historiadora da ciência na Universidade de Harvard, encontrou mais de 100 exemplos de audiências do Congresso dos EUA que examinaram o CO2 e o efeito estufa nos anos 60, muito antes do que imaginava-se anteriormente.
Além disso, a pesquisa da época identificava sinais claros de que a atividade humana já estava começando a alterar o clima da Terra.
Análises sobre as mudanças climáticas ignoradas
Estes estudos iniciais, muitas vezes ignorados ou minimizados, mostravam que o aumento das temperaturas médias globais poderia ter consequências devastadoras. Incluindo o derretimento das calotas polares e a alteração dos padrões climáticos.
Esses primeiros alertas não só previam o que viria a ser a crise climática moderna, mas também revelam uma série de documentos e discursos de cientistas proeminentes da época.
Esses cientistas, como o físico James Hansen e o químico Charles David Keeling, já estavam levantando bandeiras vermelhas sobre o impacto potencial das emissões de carbono. Suas previsões e análises foram frequentemente desacreditadas ou ignoradas, à medida que a sociedade e as políticas públicas focavam em outras prioridades.
O reconhecimento tardio de que muitos dos problemas climáticos discutidos na década de 1960 são agora uma. Os eventos climáticos extremos, como furacões intensificados e ondas de calor recordes, estão se tornando cada vez mais frequentes, e as evidências científicas contemporâneas apenas corroboram as previsões feitas há décadas.
Segundo a pesquisadora, esse histórico de alerta precoce destaca a importância de não subestimar as descobertas científicas. Independentemente de quão inovadoras ou desafiadoras elas possam parecer.
Estágio atual do aquecimento global
Situações de calor extremo matam cerca de meio milhão de pessoas em todo o mundo a cada ano. De acordo com estimativas, esse número pode se tornar cinco vezes maior até 2050, caso o avanço das mudanças climáticas se mantenha na velocidade atual.
Além da perda de vidas, o aquecimento global também interfere na saúde das pessoas. Em geral, o calor extremo, tempestades, inundações e secas afetam áreas como sistemas alimentares, qualidade da água, moradia, produtividade no trabalho e transmissão de doenças infecciosas.
“Quando falamos sobre mudança climática, não estamos falando sobre o futuro. O custo da inação é que pagamos com a vida das pessoas”, disse à Wired Marina Romanello, diretora executiva da Lancet Countdown.