Ciência

Eventos climáticos extremos tiraram mais pessoas de suas casas que guerras em 2023

Relatório da OIM revelou que Brasil é 6º país com mais deslocamentos internos e teve 745 mil pessoas que saíram de suas casas em 2023
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

A OIM (Organização Internacional de Migrações) divulgou recentemente o relatório do IDMC (Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos), que compreende o ano de 2023. De acordo com os dados, o Brasil registrou 745 mil deslocamentos dentro do país causados por desastres naturais e eventos climáticos extremos.

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Dessa forma, o Brasil ocupa o 6º no ranking de países mais afetados por esses deslocamentos internos forçados no ano passado. Veja abaixo o início da lista divulgada no relatório.

  1. China – 4,7 milhões;
  2. Filipinas – 2,5 milhões;
  3. Somália – 2 milhões;
  4. Bangladesh – 1,7 milhão;
  5. Mianmar – 995 mil;
  6. Brasil – 745 mil
  7. Paquistão – 732 mil.

A lista compreende apenas deslocamentos internos, ou seja, dentro de um mesmo país, de forma que exclui os casos de refugiados, que buscam asilo ultrapassando fronteiras.

No Brasil

O número de 745 mil deslocamentos internos é um recorde para o Brasil. Desde que os registros começaram, em 2008, o país nunca havia alcançado essa quantidade de pessoas deslocadas por desastres naturais e eventos climáticos extremos.

“O Brasil foi responsável por mais de um terço dos deslocamentos por desastres na América do Sul”, revela o relatório da OIM.

De acordo com o documento, o país sofreu com os efeitos do La Niña no primeiro semestre de 2023, enquanto o segundo semestre teve influência do El Niño. Com isso, a região da Amazônia passou de um período de chuvas intensas para sua pior seca em um século.

Além disso, o oposto aconteceu no Sul e no Sudeste. Essas regiões começaram 2023 em um clima mais seco e viram as chuvas se intensificarem no final do ano, especialmente nos estados do Sul.

No total, o Brasil registrou cerca de 32 mil deslocamentos internos causados pela seca extrema, segundo o relatório. O documento informa que esse é o número mais alto já registrado por este motivo no país.

Também houve 183 mil deslocamentos internos de pessoas afetadas pelas chuvas de outubro e novembro, que atingiram o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Mais deslocados pela clima que por guerras

O total de deslocamentos internos causados por desastres naturais e eventos climáticos extremos em 2023 superaram aqueles gerados por guerras, repressão e violência. 

Segundo o relatório, casos como os ciclones Freddy e Mocha no Oceano Índico, os terremotos na Turquia e na Síria e os incêndios florestais no Canadá causaram 56% dos deslocamentos internos do último ano. 

Em números absolutos, isso consiste em 26,4 milhões de pessoas que saíram de suas casas, valor que supera em mais de seis milhões os deslocamentos causados por conflitos e perseguição política.

A OIM afirma ainda que a estimativa para os próximos anos é de que esses números aumentem. Isso porque, com as mudanças climáticas, os eventos extremos acontecem com mais frequência, mais intensidade e também duram mais tempo.

“Este relatório é um lembrete claro da necessidade urgente e coordenada de se expandir a redução do risco de desastre, apoiar a construção da paz, garantir a proteção dos Direitos Humanos e, sempre que possível, prevenir o deslocamento antes que ele aconteça”, disse Ugochi Daniels, vice-diretor da OIM.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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