As redes sociais estreitaram os espaços, aproximaram o mundo, as pessoas e as discussões, mas também têm sua boa parcela de problemas criados. E Chamath Pakihapitiya, ex-executivo do Facebook, se sente “extremamente culpado” pela empresa que ajudou a criar. Falando a alunos da escola de pós-graduação em negócios de Stanford, Palihapitiya não economizou na crítica a como as redes sociais estão “destruindo” o funcionamento da sociedade.
“Acho que criamos as ferramentas que estão destruindo o tecido social de como a sociedade funciona”, afirmou o antigo executivo do Facebook, em declaração publicada pelo The Verge, antes de ser taxativo e recomendar que as pessoas dessem uma boa pausa nas redes sociais. “Os loops de feedback a curto prazo impulsionados por dopaminas que criamos estão destruindo como a sociedade funciona”, completou, falando sobre a sensação de recompensa que temos no cérebro ao ver interações como curtidas ou reações de coração em nossas publicações.
A influência das redes sociais no mundo real ganhou contornos ainda mais dramáticos com a história, ainda em desenvolvimento, da influência russa nas eleições norte-americanas (e, mais recentemente, aqui no Brasil, com a revelação de que exércitos de perfis falsos também influenciaram a eleição de 2014 no País). Palihapitiya destaca que o fenômeno de desinformação e manipulação é universal: “Nenhum discurso civil, nenhuma cooperação; desinformação, desconfiança. E não é um problema americano — isso não se trata dos anúncios russos. É um problema global”.
O Brasil já teve sua cota de boatos falsos na rede levando a consequências pesadas na vida real, e um incidente semelhante na Índia, que acabou com o linchamento de sete pessoas inocentes por causa de mensagens repassadas por WhatsApp, deixa o ex-executivo do Facebook em alerta: “Imagine levar isso ao extremo, onde agentes ruins agora conseguem manipular multidões de pessoas para fazerem o que querem. É um péssimo estado das coisas”.
Chamath Palihapitiya já segue o conselho que deu a todo mundo acima. Tenta usar o mínimo possível o Facebook e diz que seus filhos “estão proibidos de usar essa merda”. Palihapitiya não é o único ex-funcionário do Facebook a usar sua visão de quem esteve dentro da empresa para alertar sobre seus perigos. Recentemente, Sean Parker, primeiro presidente da rede, atribuiu o sucesso do site ao modo como ele explora uma vulnerabilidade psicológica humana. E com tanta coisa vindo à superfície, talvez o melhor conselho seja ao menos escutar o que se tem a dizer.