Exclusivo: “A Nintendo ama o Brasil”, diz Romina Whitlock, diretora de marketing

Durante a feira gamescom latam, nesta semana em São Paulo, o  Giz Brasil bateu um papo exclusivo com Romina Whitlock, diretora de marketing da Nintendo para a América Latina. Desde que retornou oficialmente ao Brasil, em 2020, a empresa não esconde sua intenção de se aproximar ainda mais do público brasileiro. Saiba todas as novidades abaixo!

A gigante dos games voltou ao país cinco anos após encerrar suas operações. E está decidida a crescer de forma sólida e sem pular etapas.

Este retorno da Nintendo foi motivado por um alinhamento de fatores favoráveis. Principalmente no campo econômico, como a redução da carga tributária na importação de jogos. Desde então, o país vem sendo, ao lado do México, uma das principais prioridades da “Big N” na América Latina.

Prova disso é o recém-anunciado “The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom” que chegará ao Brasil devidamente localizado em português. Algo inédito na franquia, que tem quase quarenta anos de existência.

A empresa também marcou presença na gamescom latam, que traz toda a atmosfera de uma das principais feiras de jogos eletrônicos da Europa, para a América do Sul. Com um dos maiores e mais chamativos estandes, a gigante japonesa oferece possibilidade de teste de games populares entre seu público com destaque para  “Luigi’s Mansion 2 HD”, lançado nesta semana.

Romina Whitlock fala ao Giz Brasil

Durante a feira, o Giz Brasil teve a oportunidade de conversar com Romina Whitlock. A diretora de marketing da Nintendo para a América Latina falou sobre os planos da empresa para aumentar os planos na região e os objetivos que espera atingir atuando no mercado brasileiro.

Trabalhando há oito anos com o público da América Latina, Whitlock não escondeu que gosta da energia e da paixão que os fãs latinos, sobretudo os brasileiros, demonstram nos eventos do segmento de jogos eletrônicos e também nas redes sociais da empresa.

“Não só para mim, mas também para as pessoas que eu trouxe dos EUA, o que mais impressiona é a paixão dos latinos. Eu diria que há ainda mais paixão no Brasil. E isso se nota nessas grandes feiras porque há muitos consumidores, então eu vejo e sinto. Também há muito engajamento nas redes sociais e nos comentários de nossas publicações. É como se o público estivesse muito carente. Eu gosto muito que o público latino-americano e, principalmente, os fãs do brasileiros, explica e articula muito bem o que quer. Isso para mim é muito bom porque a empresa sabe exatamente eles necessitam. Para mim isso é uma grande vantagem. A Nintendo ama o Brasil”

Maior presença na América Latina

Embora seja muito popular na região, as operações da empresa são evidentemente mais fortes no Japão, nos países mais desenvolvidos da Europa e também na América do Norte. A ausência de um escritório oficial da Nintendo na América Latina é um fator que dificulta a aproximação da empresa com um público, uma vez que operações como a venda de produtos, por exemplo, são realizadas por distribuidores locais e não diretamente pela empresa.

Mesmo com o clamor dos entusiastas da marca por uma presença oficial nos países da região, a companhia não pretende pular etapas. Questionada sobre quando a Nintendo abrirá uma subsidiária para atender o público lanioamericano, Romina afirmou que se pudesse, ela mesmo abriria uma unidade, embora ainda não tenha planos para isso.

“Quero ser a pessoa que abrirá este escritório! Eu me prontifico a abrir (risos). Neste momento, pelo que eu sei, não há nenhum plano. Desde que voltamos ao Brasil, em 2020, tudo vem sendo feito devagar. Por exemplo, abrimos o eShop, depois trouxemos um console e em seguida mais três consoles. Depois trouxemos o software físico. Agora estamos localizando esse software. Então, a razão pela qual tudo está sendo feito devagar é porque estamos realmente construindo nossa presença de forma muito prudente”

Ya sé que vamos a estar haciendo en casa con los bebés este fin de semana 😍😁 pic.twitter.com/oonJhYHVKR

— Romina Whitlock | Black Lives Matter (@Romina_whitlock) October 29, 2021

Empecilho com as leis

A diretora de marketing explicou o motivo da “prudência” ao adentrar no mercado brasileiro e latino-americano. Além de Brasil e México, a empresa tem planos para aumentar sua participação também em Colômbia, Peru, Chile e Argentina “exatamente nesta ordem”, mas existem alguns desafios a serem superados para que os planos da empresa se concretizem.

A Argentina, por exemplo, país natal de Romina, oferece um dos cenários mais desafiadores para a companhia. Segundo a executiva, a forma como a legislação para a operação de empresas estrangeiras atualmente funciona no país acaba limitando as possibilidades e, consequentemente, sua prosperidade no local.

“São as leis para companhias estrangeiras. Não além disso. Somos uma companhia estrangeira sem representação local. Então vender e lucrar no país é muito difícil. Infelizmente, isso dificulta a fazer negócios. Não só para a gente, mas para todos. Por esse motivo tantas companhias têm tido que sair da Argentina. No final, os que acabam realmente prejudicados são os consumidores”

Romina também nos explicou que esta dificuldade de implementar operações não é exclusividade dos países da América Latina. Na verdade, países considerados em desenvolvimento têm algumas particularidades que  dificultam em algum nível a atuação de empresas estrangeiras, principalmente, as recém-chegadas.

Localização de games em português

Para a empresa, o Brasil é um mercado com “potencial infinito”, principalmente, ao considerar a popularidade da marca Nintendo no país. Por este motivo, a “Big N” está em fase de localização de games no idioma local, algo que vinha sendo pedido pelos fãs brasileiros já há bastante tempo.

O processo de localização de um game não é algo simples e, conforme destacou Romina, precisa ser iniciado durante os estágios iniciais de desenvolvimento de um título. Localizar algum título é mais do que simplesmente traduzir as palavras ou frases para o idioma local, é um esforço para transmitir e traduzir toda a experiência do jogo.

“Queremos ter os jogos em nosso idioma porque é possível aproveitar mais. Eu jogo sempre em espanhol porque para mim é mais fácil. Eu acho que se continuarmos neste caminho, tque é um bom caminho, vamos evoluir cada vez mais e mais”

Esta noche tengo una cita con…. pic.twitter.com/VR4HVDzNMV

— Romina Whitlock | Black Lives Matter (@Romina_whitlock) September 19, 2020

O sucessor do Switch

No próximo ano, conforme o presidente global Shuntaro Furukawa já adiantou publicamente, a Nintendo lançará o sucessor do Switch. Este que é um dos maiores sucessos comerciais da indústria dos videogames. Com a chegada do produto, a empresa pôde enfim superar o fracasso do Wii U. Ele tinha uma proposta bastante inovadora, mas não foi suficiente para arrebatar o público.

A data de lançamento do novo console ainda é um mistério, mas já sabemos que ele deve oferecer poder de desempenho consideravelmente maior, além tela OLED como padrão, novos controladores Joy-Con exclusivos e retrocompatibilidade com jogos do Switch.

A diretora de Marketing da empresa afirmou ao Giz Brasil que ainda não tem todas as informações sobre o novo produto da marca e até prefere que seja assim. Segundo ela, saber de detalhes antecipadamente sobre o console, que vem sendo guardado a sete chaves,  estragaria a experiência de  descobrir todas as informações juntamente com o público em um anúncio oficial.

Romina, no entanto, adiantou que antes de março do ano que vem, saberemos mais detalhes sobre o produto e a data de lançamento oficial.

“O que eu posso confirmar é que antes do final deste ano fiscal, que para nós é março, vamos saber o que vai chegar ou quando, porque honestamente ainda não sei nenhuma das duas coisas. Nesse momento, meu trabalho é focar em todos os jogos que continuam saindo e que foram recém-anunciados no Nintendo Direct”