Existem duas girafas anãs entre as 117 mil no mundo; veja onde estão
As girafas, você sabe, são os mamíferos mais altos do planeta. Um macho adulto pode alcançar cinco metros. Pescoços e pernas têm, em média, dois metros de comprimento – são notavelmente maiores que a maioria dos humanos por aí. Mas, para toda regra, há uma exceção. Ou duas, neste caso: Gimli e Nigel.
Gimli e Nigel são girafas anãs. São casos raríssimos: elas têm displasia esquelética, condição também conhecida como nanismo e caracterizada por anormalidades no desenvolvimento ósseo, que geralmente resultam em baixa estatura. O nanismo ocorre em humanos e animais domésticos e cativos, como cães, vacas, porcos e ratos. Mas, entre animais selvagens, é difícil de se encontrar.
Uganda e Namíbia
Gimli foi flagrado primeiro, em dezembro de 2015, no Parque Nacional Murchison Falls, em Uganda. Era um macho adolescente de girafa núbia (da espécie Giraffa camelopardalis camelopardalis), com altura total estimada de 2,82 metros. Com metade do tamanho de uma girafa macho adulta, ele recebeu o nome do famoso personagem anão de Senhor dos Anéis.
Apenas três anos depois, encontrou-se outra girafa anã – desta vez, em uma fazenda particular na Namíbia. Nigel, também um macho adolescente, era ainda mais baixo que Gimli: a girafa angolana, da espécie Giraffa giraffa angolensis, tinha aproximadamente 2,5 metros. Mas não foi a altura que denunciou o nanismo de Nigel ou Gimli.
Os pesquisadores da Giraffe Conservation Foundation, na Namíbia, analisaram as dimensões morfológicas dos membros da dupla a partir de fotografias. Gimli e Nigel têm um pescoço longo como os outros indivíduos das populações que compõem. Mas suas pernas (mais especificamente o raio e os ossos metacarpais) são proporcionalmente muito mais curtas, em comparação a outras girafas da mesma idade.
Girafas anãs: causa e consequência
Foi a primeira vez que se observou a condição do nanismo entre girafas. Outros casos de displasia esquelética avistados na natureza são um cervo vermelho na Escócia, descrito em um estudo de 2013, e um elefante asiático macho no Parque Nacional Uda Walwe, no Sri Lanka.
O nanismo pode vir de mutações genéticas e está associado, entre animais de cativeiro, à endogamia e à falta de diversidade genética em uma população. Mas não se sabe se esses fatores influenciaram o nanismo de Nigel e Gimli – cuja população já chegou a apenas 78 indivíduos, mas hoje, estima-se, é composta por mais de 1,5 mil.
Há 117 mil girafas vivendo na natureza no continente africano, segundo estimativas da Giraffe Conservation Foundation.
Nigel foi visto novamente durante uma pesquisa liderada pela Giraffe Conservation Foundation em julho de 2020. Gimli não é visto desde março de 2017. Especialistas afirmam que o nanismo pode torná-los mais suscetíveis à predação, porque não têm a capacidade de correr e chutar efetivamente. Mas mais da metade das girafas selvagens morre antes de atingir a idade adulta. Então, por fim, Gimli e Nigel parecem ter se saído bem.