Explosão rara no Sol respinga massa coronal na Terra; entenda

Explosão de massa coronal deve se tornar mais comum até 2025, ano de pico do ciclo solar. No século 19, evento causou panes em telégrafos
Explosão rara no Sol respinga massa coronal na Terra; entenda
Imagem: NASA/Space Weather/Reprodução

Uma grande explosão no Sol chamou a atenção de cientistas na segunda-feira (13). O choque causou uma poderosa ejeção de massa coronal (EMC). Ao cair no espaço, a matéria da atmosfera solar viajou a 3.000 quilômetros por segundo – uma velocidade extremamente alta – e rara – nesses fenômenos. 

Segundo o Soho (Observatório Solar e Heliosférico da NASA), o evento aconteceu no lado oposto do Sol à Terra. Mesmo assim, a velocidade e força fizeram com que algumas partículas da ejeção caíssem no planeta, o que causou uma tempestade solar. 

O site Space Weather alertou para o fenômeno. “Algo grande acabou de acontecer no outro lado do Sol”, diz uma notificação. “Embora a EMC não seja direcionada para a Terra, ela tocou nosso planeta. O campo magnético está canalizando as partículas em direção aos polos, onde um tipo de blecaute de rádio está em andamento”. 

Cientistas classificaram o evento como “extremamente raro” por causa da velocidade da EMC. Além de acontecer apenas “uma vez por década”, esses eventos não costumam afetar a Terra, ainda mais quando acontecem no lado oculto do Sol. 

Neste caso, a força da ejeção tem potencial para desestabilizar aviões. O motivo: as partículas das tempestades solares têm capacidade de afetar as ondas curtas dos rádios das aeronaves por causa do efeito ionizante dos prótons em queda. 

Possibilidade de “destruição massiva”

Por sorte, a Terra recebeu uma pequena quantidade da matéria solar, o que não causou tantos problemas. Mas, se a explosão acontecesse do lado do Sol virado para a Terra, a destruição seria massiva, alertou a NASA. 

Segundo os especialistas, uma EMC nessa velocidade teria causado uma tempestade solar superior à categoria G5, o que tem potencial para queimar satélites, destruir toda a comunicação sem fio do planeta e todos os cabos de internet sobre o oceano. Além disso, o choque pode causar panes na rede elétrica e danificar diversos dispositivos eletrônicos. 

Algo parecido aconteceu em 1859. O episódio foi registrado pelo observador de céu amador Richard Carrington – motivo pelo qual mais tarde o evento ganhou seu nome –, na pequena cidade inglesa de Redhill, a 50 km de Londres.

O que foi a tempestade solar de 1859

No dia 1º de setembro, uma grande ejeção de massa coronal chegou à Terra e causou um clarão de luz branca por cerca de cinco minutos. Mais tarde foi possível saber que o EMC atravessou mais de 150 milhões de quilômetros e liberou toda a força no nosso planeta. O mais comum é que esses fenômenos demorem dias para alcançar o planeta. 

Nas semanas que se seguiram, a Terra enfrentou uma tempestade geomagnética sem precedentes. Os sistemas de telégrafo “enlouqueceram” e houve diversas auroras nos extremos. Já pensou o que aconteceria com o planeta se uma explosão semelhante viesse agora, quando todos os sistemas da vida humana dependem da conexão sem fio? 

O que há em comum nos dois episódios é que, em 1859, astrônomos de todo o mundo observaram o aumento de manchas na superfície do Sol e se preparavam para o pico do ciclo solar que aconteceu em 1860. É o que está acontecendo agora: o Sol também está em “máximo solar”, como você viu nesta reportagem do Giz Brasil

Infelizmente, não há como prever fenômenos como explosão no Sol. O pico do ciclo solar está previsto para 2025, o que significa que poderemos ver diversas tempestades solares até lá. O jeito é torcer para que elas continuem no lado oculto do Sol – ou veremos uma pane generalizada no mundo online. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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