Facebook lança novo Messenger para crianças — o que poderia dar errado?
O Facebook, lar de assédio desenfreado, desinformação e interferência estrangeira em eleições, está indo atrás dos seus filhos. A empresa anunciou um novo aplicativo nesta segunda-feira (4) para crianças a partir de seis anos de idade. O app, Messenger Kids, é um serviço de mensagens que dá aos pais autoridade sobre com quem seus filhos podem conversar.
Uma vez que um dos pais adiciona alguém à lista de contatos por meio do aplicativo principal do Facebook, as crianças podem conversar por vídeo e enviar fotos, vídeos e imagens, ou escolher algo a partir de uma “biblioteca de GIFs, frames, stickers, máscaras e ferramentas de desenho apropriados para crianças e especialmente selecionados”, segundo um post de anúncio do Facebook.
Os pais precisam ser amigos no Facebook com os pais de qualquer outra criança com quem seu filho queira conversar, disse um gerente de produtos do Facebook em um comunicado à imprensa, afirma o Buzzfeed. O app dá aos pais controle também sobre o tempo que seus filhos podem passar no aplicativo. Além disso, o Messenger Kids inclui uma ferramenta que permite às crianças denunciar quando alguém está sendo “malvado” e, de acordo com o gerente de produtos, humanos e máquinas da empresa vão moderar o espaço, policiando conteúdo inapropriado. Quando detectado (se for detectado, considerando o histórico de moderação do Facebook), tal conteúdo será apagado do app.
Um porta-voz do Facebook disse ao Gizmodo, por email, que a empresa construiu “sistemas automatizados que conseguem detectar coisas como nudez, violência e imagens que exploram crianças, para ajudar a limitar o compartilhamento daquele conteúdo no Messenger Kids”. “Também temos mecanismos de bloqueio e denúncia, além de uma equipe dedicada de revisores humanos que vão revisar todo conteúdo que for denunciado”, completou.
Imagem: Facebook
Quanto ao motivo de o Facebook estar lançando tal aplicativo, a empresa disse, também por email, que “muitos de nós, no Facebook, também somos pais, e parece que não estávamos sozinhos ao perceber que nossos filhos estavam se conectando cada vez mais cedo”, citando um estudo externo, da Dubit, que descobriu que 93% das crianças de seis a 12 anos de idade nos Estados Unidos tinham acesso a tablets ou smartphones.
Embora os pais possam amar o Messenger Kids, resta ver se as crianças vão querer usar um aplicativo controlado por seus pais. Meu palpite é que, provavelmente, a resposta é um grande “não” — muito menos com tantas crianças tendo seus próprios dispositivos pessoais com conexão à internet. Elas provavelmente se voltariam para outros aplicativos que lhes permitam conversar com quem quiserem sem que isso passe pelo papai ou pela mamãe antes.
Mesmo que as crianças acabem se voltando ao app, ainda existem preocupações de privacidade a se considerar. O Facebook não é imune a brechas de segurança, e a rede social tem um histórico de fazer experimentos com seus usuários. Os pais estão muito enganados se acham que terão a autoridade final sobre a experiência de seus filhos. Na realidade, é o Facebook que tem esse poder.
Imagem do topo: Facebook