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Falha no pouso transforma missão espacial no cometa em uma corrida contra o tempo

O módulo de pouso Philae saltou duas vezes e caiu de lado, à sombra de um penhasco, onde seus painéis solares não podem obter energia o suficiente.

O pouso histórico em um cometa, infelizmente, não foi tão suave. A ESA (Agência Espacial Europeia) confirmou que o módulo de pouso Philae, levado pela sonda Rosetta, saltou duas vezes e caiu de lado, à sombra de um penhasco, onde seus painéis solares não podem obter energia o suficiente.

Quando a bateria do Philae acabar, a missão dele acaba também. Por isso, começou uma corrida para reunir o máximo possível de dados científicos em 64 horas, antes que a carga inicial da bateria se esgote.

>>> A primeira vez que pousamos em um cometa, contada por imagens

O módulo Philae foi projetado para analisar as rochas do cometa 67P/ Churyumov–Gerasimenko e encontrar pistas sobre as origens do nosso sistema solar. No entanto, a falha no pouso deve prejudicar a missão dele.

O problema começou, ao que parece, quando o Philae pousou no cometa pela primeira vez: seus arpões não dispararam para ancorá-lo no solo. A gravidade do cometa é 100.000 vezes mais fraca do que na Terra, por isso o Philae saltou cerca de um quilômetro rumo ao espaço antes de se fixar no cometa… e então saltou uma segunda vez. Agora, a ESA acredita que o Philae está de lado, com um dos seus três pés no ar, no fundo de um penhasco.

Nesta posição, o Philae só vai receber 1,5 hora de luz solar a cada 12 horas. Quando a carga inicial se esgotar, ele para de funcionar. O módulo não tem como se movimentar por conta própria, mas a ESA está vendo como a broca ou os arpões dele podem ser reaproveitados para dar uma sacudida na máquina.

Sem amostras

O pouso falho significa que o Philae não será capaz de usar sua broca científica para recolher amostras do cometa: com a baixa gravidade, perfurar o solo poderia desestabilizar todo o módulo. O sistema de perfuração foi projetado para tirar amostras de até 20 cm abaixo da superfície do cometa, inserindo-as em fornos que vaporizaria tudo para análise. (Ele está limitado a amostras na superfície.)

Um dos experimentos fundamentais do Philae era examinar isótopos de hidrogênio no cometa, para descobrir se a água da Terra – composta de hidrogênio e oxigênio – realmente veio de cometas que colidiram com o planeta há muito tempo.

O Philae também pode se tornar ativo novamente quando o cometa ficar mais perto do Sol, mas isso é uma possibilidade distante por enquanto. Agora, a menos que algo mude, o módulo terá um tempo radicalmente reduzido para estudar o cometa – horas, em vez de meses.

Ele deve operar até março de 2015, quando ficará quente demais para funcionar porque o cometa está se aproximando do Sol. O 67P/C-G chegará a seu periélio – ou seja, à sua menor distância do Sol – em agosto de 2015.

Isso não significa que a missão foi um fracasso: o Philae já está enviando uma quantidade enorme de dados e fotos para a Terra, assim como a sonda Rosetta. Não se engane: pousar em um cometa após uma viagem de 10 anos pelo espaço ainda é uma conquista histórica. [Nature e BBC]

Imagem: esboço do Philae sobreposto em sua localização no cometa/ESA/Flickr

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