Ferramentas de 50 mil anos encontradas no Brasil podem ter sido feitas por macacos

Lascas de pedra atribuídas em estudos anteriores aos primeiros hominídeos podem, na verdade, ser fruto do comportamento de macacos
Ferramentas de 50 mil anos encontradas no Brasil foram na verdade feitas por macacos
Imagem: Lucas Garcia/Unsplash/Reprodução

A maior parte dos pesquisadores defende que os primeiros humanos chegaram no continente americano entre 13 e 14 mil anos atrás. O grupo teria atravessado o Estreito de Bering, que um dia uniu a Ásia à América do Norte. 

Por outro lado, há uma parcela de cientistas que acredita que os humanos já estavam na região que é hoje o Brasil entre 20 e 50 mil anos atrás. A teoria é sustentada por ferramentas encontradas na gruta da Pedra Furada e outros sítios arqueológicos no Piauí. 

Um estudo recém publicado na revista científica The Holocene refuta essa última ideia. Segundo cientistas do Instituto Nacional de Antropologia e Pensamento Latinoamericano, na Argentina, as ferramentas de pedra podem ser obras de macacos-prego que habitavam o nordeste brasileiro. 

Para entender essa questão, é preciso conhecer um pouco mais sobre o comportamento dos primatas. Esses macacos são conhecidos por usar pedras como martelos ou bigornas para abrir nozes e outras frutas, além de utilizar as ferramentas para cavar e conseguir comida. 

Nestes processos, é comum que a pedra se quebre, gerando fragmentos de rocha similares aos esculpidos pelos hominídeos ancestrais. Neste novo estudo, a equipe comparou os vestígios antigos às ferramentas obtidas hoje pelos macacos-prego e não encontrou diferenças significativas, concluindo que os objetos do passado remetiam aos animais.

Esse não é o único fator que aponta para a ausência de presença humana há 50 mil anos. Pesquisadores nunca encontraram no local sinais de lareiras ou restos de alimento que remetessem a presença de hominídeos. O carvão já foi revelado na área, mas ele pode ser proveniente de incêndios naturais.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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