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O sucesso de <i>Breaking Bad</i> e a importância do Netflix e das redes sociais

Nas últimas semanas, provavelmente você ouviu falar sobre Breaking Bad bem mais do que antes. À medida que seu episódio final se aproximava, mais e mais pessoas descobriram a série, vencedora do Emmy, enquanto outras insistiam que você visse a “melhor série de TV de todos os tempos“. Ontem à noite, ela chegou ao fim. E […]

Nas últimas semanas, provavelmente você ouviu falar sobre Breaking Bad bem mais do que antes. À medida que seu episódio final se aproximava, mais e mais pessoas descobriram a série, vencedora do Emmy, enquanto outras insistiam que você visse a “melhor série de TV de todos os tempos“.

Ontem à noite, ela chegou ao fim. E ela indica a importância da internet para o futuro da TV: seja para assisti-la – via Netflix ou cópias piratas – seja para comentá-la.

Breaking Bad conta a história de Walter White, um professor de química que, vítima de câncer, resolve produzir metanfetamina para ganhar dinheiro, e assim pagar seu tratamento e sustentar sua família. Para vender a droga, ele conta com a ajuda de Jesse Pinkman. No entanto, aos poucos, Walt – conhecido pelo pseudônimo Heisenberg – se transforma em um homem violento e vingativo, à medida que conquista mais poder.

A série seguiu um ritmo incomum: ano após ano, a audiência só aumentou. Em vez de começar alto e ir se desgastando, ela atraiu mais interesse com o passar do tempo. Isso se acentuou na quinta temporada, dividida em duas partes: a primeira marcou 2,6 milhões de telespectadores, em média; a segunda (sem contar o finale) teve 5,4 milhões – mais que o dobro!

O criador da série, Vince Gilligan, explica porque isso aconteceu. Após os Emmys, na semana passada, ele disse à imprensa: “Acho que o Netflix nos manteve no ar. Não só estamos de pé aqui em cima [com o Emmy], como eu não acho que nosso programa teria durado além da 2ª temporada.”

O cinegrafista Michael Slovis, que criou o visual da série, também acredita que o sucesso veio do streaming. Ele diz à Forbes:

Outra coisa que nos ajudou tremendamente é que, de repente, você podia assistir o programa por DVR e Netflix… houve um tempo em que o Netflix se orgulhava de mais pessoas verem Breaking Bad no Netflix que na AMC. Nós construímos uma audiência porque [os espectadores] podem ver todos os episódios e acompanhar a série.

O Netflix permite assistir séries de uma forma diferente: consumindo temporadas de uma vez só. E foi isso que ajudou Breaking Bad, permitindo a você se inteirar na série no ritmo que quiser – vendo episódios aos poucos, ou um atrás do outro.

Quando o Netflix estreia uma série original, todos os episódios da temporada chegam de uma só vez. Isto ainda é um ponto polêmico: isto causa o mesmo impacto cultural que esperar, semana após semana, por um novo episódio? Mas com Breaking Bad, juntou-se o melhor de dois mundos: isto adequou a série ao ritmo de cada espectador (no Netflix), porém manteve o buzz para os episódios inéditos (no canal AMC).

Há um porém nessa estratégia: dado que os novos episódios não vão para o Netflix (só no Reino Unido), muitos decidem acompanhar a série através de torrents. Segundo o TorrentFreak, só o último episódio ultrapassou 500.000 downloads em poucas horas. Isso não quebra os recordes de Game of Thrones, mas é bem impressionante.

Vale notar que, entre os três países que mais baixaram o episódio, estão EUA e Reino Unido, que podem acompanhá-lo por streaming. Por que piratear, então? Alguns fazem isso por força de hábito; outros dizem preferir uma cópia para assistir sem estar online; e nos EUA, é preciso assinar o canal AMC para fazer streaming gratuito.

O sucesso de Breaking Bad em atrair mais espectadores também vem das redes sociais, onde ela se tornou um dos assuntos mais comentados. O último episódio da série gerou 5,5 milhões de interações no Facebook, incluindo comentários e likes. No total, os últimos oito episódios geraram 28,5 milhões de interações na rede social.

O Twitter também faz parte do buzz: foram mais de 100.000 tweets por dia na expectativa pelo episódio final. A série também chegou aos trending topics mundiais, é claro. E Aaron Paul, que interpreta Jesse, até foi recrutado para tuitar ao vivo sobre um dos episódios, e sobre a maratona que o canal AMC fez nos EUA em antecipação ao finale.

Tudo isso ajuda a transformar Breaking Bad em um evento, em vez de mais uma série. Mas não só: tal combinação de fatores indica um futuro para a televisão – onde a TV, por si só, é apenas parte da equação.

Claro, não basta só engajar seguidores do Twitter e colocar seu programa no Netflix. Ela precisa ter um história incrível, um visual impressionante e uma produção inovadora. Não é fácil mas, felizmente, vemos mais e mais empresas – como HBO, AMC e Netflix – apostando em conteúdo de alta qualidade. Breaking Bad terminou bem na noite passada, mas o futuro da TV está só começando.

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