O Project Ara queria criar smartphones modulares nos quais você poderia substituir componentes como a câmera, sensores, tela e mais. Ele foi anunciado pelo Google em 2013, e parece que nunca virará realidade.
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Segundo a Reuters e o Recode, o Google “suspendeu” o Project Ara para “otimizar os esforços de hardware da empresa” e unificar o desenvolvimento de smartphones sob o comando de Rick Osterloh, ex-presidente da Motorola.
Um porta-voz do Google confirmou isto ao VentureBeat: “a empresa suspendeu seu plano de trazer o smartphone modular ao mercado”.
Desde o início, tínhamos nossas dúvidas sobre a viabilidade de um smartphone modular, já que existem bons motivos para seus componentes serem tão integrados:
Quanto menor a integração, maior o volume do smartphone. Você também teria um desempenho mais lento, ou um aparelho que consome mais energia, ou – se você conseguir resolver esses problemas – um aparelho mais caro. Quer dizer, ou ele seria mais lento que alternativas comuns, ou seria muito menos portátil, ou seria bem mais custoso.
Para resolver isso, o Google propôs um design baseado em um endoesqueleto e em módulos que se encaixariam nele.
E então começaram as promessas que não foram cumpridas:
– fevereiro de 2014: a versão básica do Project Ara custará US$ 50 – com um endoesqueleto, tela, carcaça e chip Wi-Fi – e chegará em cerca de um ano
– abril de 2014: o primeiro smartphone Ara estará à venda em janeiro de 2015
– janeiro de 2015: smartphone Ara não é lançado, mas Google promete um projeto piloto até o final de 2015 em Porto Rico, transformando food trucks em lojas móveis
– agosto de 2015: após meses de silêncio, Google adia Project Ara para 2016, porque Porto Rico estava à beira de um colapso econômico, e porque os módulos do smartphone estavam se soltando do aparelho
– maio de 2016: no evento I/O, o Google promete enviar as primeiras unidades do Project Ara no quarto trimestre de 2016; o lançamento para consumidores ficaria para 2017
Foi aí que a situação desandou. O Project Ara não permitiria mais que você trocasse o processador, RAM, armazenamento ou tela – tudo isso faria parte da estrutura básica do smartphone. Só seria possível alterar a câmera, os alto-falantes, entre outros. Como nota o Ars Technica, “o projeto foi tão diluído que mal tinha uma razão de existir”.
E, se os rumores estiverem certos, o projeto realmente não existirá mais. Na verdade, a Reuters diz que o Google até considera licenciar para terceiros a tecnologia de smartphones modulares… mas quem vai querer?
Dan Makoski, ex-chefe de design da Google ATAP e fundador do Project Ara, comenta ao 9to5Google sobre o fim do projeto:
É decepcionante para as equipes que trabalharam duro para torná-lo real, desanimador para os desenvolvedores esperançosos em dar vida a suas inovações, e frustrante para os fãs de todo o mundo que estavam tão ansiosos para ter o Ara em suas mãos… A modularidade não é uma moda passageira – ela vai durar tanto tempo quanto os humanos valorizarem a criatividade acima de seu papel como consumidores passivos.
Este é mais um projeto ambicioso do Google que passa anos sem se tornar realidade. O Google Glass foi anunciado em 2012 com lançamento previsto para os consumidores até 2014. O prazo foi adiado para o ano seguinte, não foi cumprido de novo, e agora a empresa está refazendo o Glass do zero com o Project Aura.
[VentureBeat; Reuters e Recode via The Verge e Ars Technica; 9to5Google]
Atualizado em 05/09