O universo inteiro é um holograma? A pergunta pode parecer maluca, mas é muito séria, e está no centro de um problema fundamental na física. E um novo experimento no Fermilab pode trazer a resposta.
O Fermilab, um campus de pesquisa financiado pelo governo americano, é mais conhecido por ter o segundo maior acelerador de partículas do mundo – era o maior, até o LHC lhe tirar o título em 2009. Desde então, o Fermilab vem realizando projetos de física menores em tamanho físico, mas não menos ambiciosos.
O experimento Holometer, de Craig Hogan, é um deles. Há anos, Hogan vem construindo dois instrumentos subterrâneos em forma de L para medir o “ruído” que pode comprovar o princípio holográfico.
O que, exatamente, é o princípio holográfico? Trata-se de uma ideia para conciliar a teoria da gravidade (ou da relatividade geral) e a física quântica de Einstein. A relatividade geral funciona nas grandes escalas de planetas e galáxias, enquanto a física quântica reina em escalas menores que um átomo – deve haver uma teoria abrangente que unifique as duas.
O princípio holográfico diz que o espaço 3D é um holograma que surge da informação impressa em uma superfície 2D. Esta informação é armazenada como bits – assim como em computadores – mas em uma escala 10 trilhões de trilhões de vezes menor do que um átomo, conhecida como a escala de Planck.
“De acordo com Hogan, em um mundo de bits, o espaço é quântico: ele emerge dos bits discretos na escala de Planck”, explica Michael Moyer na Scientific American. “E se ele é quântico, ele deve sofrer as incertezas inerentes à mecânica quântica. Ele não fica parado, como um pano de fundo para o cosmos. Em vez disso, flutuações quânticas fazem o espaço vibrar, mudando o mundo ao seu redor.”
O Motherboard dá mais detalhes sobre a hipótese:
Num artigo explicando a teoria, [Hogan] escreve que “algumas propriedades do espaço e do tempo que parecem fundamentais, incluindo a localização (onde as coisas estão), podem, na verdade, emergir somente como uma aproximação microscópica do fluxo de informação de um sistema quântico.”
Se for verdade, isto significa que o “mundo real é um avançado display de vídeo em 4 dimensões”. No artigo, ele diz que a hipótese de sua equipe é que o espaço e o tempo são criados a partir de pequenos bits de informação que variam e que o relacionamento entre espaço e tempo é criado usando processamento de informações.
O Holometer é projetado para medir essas flutuações, ou o “jitter quântico do espaço”. Um feixe de laser é dividido entre os dois braços de dois interferômetros, os instrumentos em forma de L. Esses feixes são então comparados para revelar qualquer interferência, o que pode ser um sinal do jitter no espaço.
O experimento Holometer está apenas começando, por isso não esperamos quaisquer respostas definitivas em breve. Mas se descobrirem que na verdade somos todos hologramas, valerá a pena esperar. [Fermilab, Scientific American, Motherboard]
Imagens por Fermilab