Físico brasileiro calcula que logo poderemos detectar objetos similares a buracos negros
Se você já achava que buracos negros eram misteriosos, saiba que os cientistas já estão de olho em algo ainda mais intrigante. Conhecidos como “objetos compactos exóticos”, eles podem, em breve, ser detectados por instrumentos como o Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO). Pelo menos é isso o que sugere uma pesquisa conduzida por Luís Longo, doutorando em Física na Universidade Federal do ABC (UFABC).
A possibilidade dos objetos compactos exóticos existirem já vem sendo estudada há muito tempo. O termo abrange não apenas um único tipo de “entidade”, mas uma série de coisas que ainda permanecem no campo da teoria, como gravastares — similares a buracos negros, mas que seriam preenchidos com energia escura.
Uma característica única dos objetos compactos exóticos é que, ao contrário dos buracos negros, eles não teriam a região conhecida como horizonte de eventos. No caso dos buracos negros, o horizonte de eventos é como se fosse o “limite”. Assim, segundo a teoria da relatividade de Einstein, quando algo passa por ele, não há mais volta.
O problema é que, apesar da teoria de Einstein ser crucial para explicar coisas como a gravidade e objetos cósmicos massivos, ela não é capaz de fornecer respostas sobre o comportamento de partículas subatômicas. E é exatamente por isso que existe a mecânica quântica. A expectativa é que um dia seja criada uma teoria de gravidade quântica, capaz de reunir a relatividade e a mecânica quântica. Os objetos compactos exóticos poderiam trazer as primeiras informações necessárias para que isso aconteça.
Conforme explica Longo à Live Science, quando dois buracos negros se chocam e se fundem, eles causam uma perturbação no espaço-tempo e enviam ondas gravitacionais que são detectadas pelo LIGO aqui na Terra. No entanto, após se fundirem, o horizonte de eventos impede que outras ondas escapem. Isso não aconteceria com os objetos compactos exóticos, já que eles não possuem um horizonte de eventos. Assim, o que aconteceria é que as ondas seriam enviadas de volta ao atingirem o centro de um desses objetos, criando uma espécie de eco gravitacional.
Por enquanto, esses ecos não seriam fortes o suficientes para serem detectados pelo LIGO. No entanto, a boa notícia é que ele está ganhando um upgrade para melhorar a sua sensibilidade e passou a trabalhar em conjunto com o Detector de Ondas Gravitacionais Kamioka (KAGRA), no Japão.
De acordo com os cálculos de Longo, o LIGO pode ser capaz de detectar sinais de objetos compactos exóticos já na próxima rodada de observações, que deve começar em meados de 2022. Os resultados do estudo do pesquisador da UFABC foram apresentados em um evento da American Physical Society.
Caso os detectores realmente captem algo do tipo, isso seria o primeiro passo para provar a existência desses objetos e uma dica inicial de que a teoria geral da relatividade não é absoluta.