Foguete da SpaceX que faria uma última viagem sobrevive a pouso experimental
Nessa quarta (31), a SpaceX enviou um satélite do governo para a órbita terrestre usando o seu foguete Falcon 9. Normalmente, estes foguetes retornam à Terra para serem utilizados em outras missões, mas nesta ocasião, a companhia o usou para testar um sistema de pouso experimental. O Falcon 9 estava programado para encerrar a missão e ser descartado no oceano, mas o foguete inesperadamente conseguiu sobreviver ao pouso.
O foguete Falcon 9 enviou com sucesso o satélite de comunicação GovSat-1 para a órbita 32 minutos depois do lançamento da estação da Força Aérea de Cabo Caraveral na Flórida, EUA. Comissionado pelo governo de Luxemburgo e pela operadora de satélite SES, ele “permite comunicações seguras entre teatros de operações técnicas, para missões marinhas ou sobre áreas afetadas por crises humanitárias”, descreve o comunicado à imprensa da SpaceX. O satélite foi projetado para uso em trabalhos de vigilância e reconhecimento, e ele está equipado com funções anti-interferência, telemetria criptografada e controle.
Falcon 9’s launch of GovSat-1 to a Geostationary Transfer Orbit is SpaceX’s sixth mission with a flight-proven rocket. https://t.co/llX17HizMJ pic.twitter.com/FemC90upRb
— SpaceX (@SpaceX) February 1, 2018
A nave utilizada na missão, o foguete B1032, já havia completado um trabalho semelhante, depositando um satélite na órbita em maio de 2017. Mas conforme a SpaceX vagamente disse antes da missão, ela “não tentaria recuperar a primeira fase do Falcon 9 depois do lançamento”. Mesmo durante o lançamento, o engenheiro da SpaceX Michael Hammersley admitiu ser “estranho” considerar que eles não iriam recuperar o foguete. “A SpaceX já posou cerca de 20 primeiras fases [de foguetes] até então”, ele disse durante a transmissão. “O objetivo para cada primeira fase é durar [por] dezenas de lançamentos em curtos períodos, e centenas ou milhares de lançamentos em longos”.
Foi somente mais tarde que Elon Musk, CEO da SpaceX, explicou o que estava acontecendo, e que o foguete seria usado para testar um novo sistema de lançamento. O Falcon 9 “pousou” na água para prevenir qualquer dano à plataforma de lançamento flutuante.
This rocket was meant to test very high retrothrust landing in water so it didn’t hurt the droneship, but amazingly it has survived. We will try to tow it back to shore. pic.twitter.com/hipmgdnq16
— Elon Musk (@elonmusk) January 31, 2018
“Este foguete foi usado para testar um impulso contrário muito forte enquanto pousava na água para que não houvesse dano a nave, mas surpreendentemente ele sobreviveu”, disse o CEO em um tuíte. “Vamos tentar trazê-lo de volta”.
Nos comentários, Musk confirmou que o Falcon 9 passou por um pouso de três motores, no qual três dos nove motores Merlin 1D foram ativados Antes disso, todos os pousos do Falcon 9 usaram apenas uma ignição Merlin 1D. A Teslerati explica:
[Ao] usar três motores, é possível que a SpaceX venha a eventualmente fazer uso de pousos ainda mais agressivos. Apesar das óbvias desvantagens como incluir um controle de manutenção dificultoso e um maior estresse do impulsionador, os benefícios são muito inerentes. Ao fazer uso de mais ignições, a duração da queima do pouso pode ser drasticamente encurtada, resultando em um uso mais eficiente do combustor ao minimizar as perdas com a gravidade (a cada segundo que o foguete tenta ir para o alto ele está um segundo lutando contra a gravidade da Terra, que puxa o foguete para baixo por cerca de 9.8 m/s².
Surpreendentemente, o foguete pareceu sobreviver ao “pouso”, e a SpaceX o trará de volta a terra para inspeções. A SpaceX de fato disse que não iria recuperá-lo, então não se sabe se ele será remendado para um terceiro uso. É difícil, no entanto, acreditar que um cliente preferiria colocar um caríssimo e precioso satélite dentro de um foguete que pode ter sido estragado pela água do mar. Mas quem sabe. A companhia pode talvez salvar algumas partes do foguete, na pior das hipóteses.
[SpaceX]
Imagem de topo: o foguete Falcon 9 depois do pouso experimental. (Créditos: SpaceX/Elon Musk)